Crítica sobre o filme "Lagosta, O":

Rubens Ewald Filho
Lagosta, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/02/2017

Embora tenha sido indicado ao Oscar de roteiro original e o Globo de Ouro de ator em comédia (Colin), não chegou sequer a passar em nossos cinemas este filme bizarro e curioso, que acabou sendo lançado na televisão no HBO Cinemax. Apesar também de ter tido uma excelente repercussão no Festival de Cannes onde o diretor que é grego ganhou o Prêmio do Júri do Festival, outro da categoria Queer, outro para o cachorro Bob the Dog, assim como menções e prêmios em festivais menores em geral gays. Lanthimos é um jovem grego que ficou conhecido dirigindo vídeos musicais. Já tem doze créditos e seus filmes só passaram aqui em festivais, assim mesmo não me parece que tenha muito prestígio. Só conheço o Dente Canino, um filme muito mais esquisito que este ainda, sobre três adolescentes que não saem de casa e da piscina porque os pais disseram que só poderão fazer isso quando os dentes caninos deles caírem... Pelo resumo da para entender bem o estilo do diretor e porque para abraçá-lo se recomenda estar ligado nos clássicos principalmente do teatro do absurdo que tem grandes autores como Samuel Beckett (em particular Esperando Godot), Ionesco (As Cadeiras, Rinoceronte), esbarrando também no surrealismo. Ou seja, mostra com absoluta seriedade coisas que a primeira vista seria completamente improváveis ou realistas.

É o que sucede neste filme também escrito pelo diretor, junto com E. Fillipou, que é apresentado pela própria produção como uma história de amor que acontece num distopia do futuro próximo, quando as pessoas que ficaram solteiras são presas e levadas para um grande hotel a moda antiga, onde são obrigadas a encontrar uma parceira(o) num máximo de 45 dias. Se eles falharem serão transformados em um animal e abandonados nas florestas.

Não é exatamente comédia, mas uma espécie de sátira, muito valorizada pelo elenco (não usam maquiagem) em particular Farrell que acabou virando um bom ator funcionando muito bem aqui. O filme foi inteiramente rodado em luz natural, ao redor do hotel Parknasilla em Sneen, Country Kerry na Irlanda (Dublin serviu para as cenas na cidade). O Eccles Hotel em Glengarriff, CountryCork é usado para as cenas interiores.Uma curiosidade: a atriz central do filme, Rachel Weiz, só aparece depois de 58 minutos de narrativa. O elenco de apoio do filme tem outras figuras importantes, a francesa Lea Seidoux, o inglês Ben Whishaw (ambos da série James Bond e naturalmente Rachel é a mulher de Daniel Craig na vida real). O título se refere ao animal que o protagonista preferia se tornar!

O fato é que o filme foi bastante bem no circuito de arte americano e o diretor foi celebrado como original e divertido, ainda que de certa forma pretensioso. Ou seja, atenção nele porque ainda irá fazer muita coisa importante. Siga a história literalmente que será a maneira mais simples de entendê-la.