Já que o autor do filme, o comediante Edouard Baer, é pouco conhecido por aqui (dos filmes de Asterix & Obelix, Frango com Ameixa, mas nada muito memorável), a expectativa estava em cima da presença de Amelie, a Audrey Tautou, que acaba tendo um papel de coadjuvante secundário que nem ela consegue fazer crescer. É bom deixar claro: este é um filme para atores e diretores de teatro, que darão algumas risadinhas de identificação e se retratarão com outras situações. Mas basicamente é um filme errado, com um roteiro confuso e mal sucedido (situa-se basicamente num único dia ou noite para tudo se resolver apressadamente). No que vem a ser uma variante de um dos grandes clássicos da literatura teatral, o produtor irresponsável mas simpático que está se virando para conseguir montar uma peça teatral, no caso em Paris, estrelada pelo veterano Michel Galabru (1922-16) em sua última aparição na tela. E onde este teria o desprazer de contracenar com um gorila de verdade, ou ao menos com um macaco, ou em último caso um rapaz vestido disso...
Eu avisei que era difícil rir deste velho clichê teatral (o último caso foi o de Michael Keaton, mas houve dezenas de outros, inclusive há uma influência de Fellini num passeio noturno por Paris, que não leva a coisa alguma). Extremamente inconvincente, em momento nenhum faz de Baer uma figura humana ou verossímel, nunca amarrando as situações, ainda que usando uma trilha musical curiosa. Na sessão que eu vi, uma velha senhora certamente de origem europeia, saiu balançando a cabeça dizendo “está tudo errado, tudo errado...”