Já faz tempo que tenho procurado sempre assistir uma segunda vez os filmes mais importantes, ou mais polêmicos. Ou que foram indicados ao Oscar. Em parte porque sei que não sou perfeito, e por vezes tenho que atender um fone de emergência, ir a um banheiro correndo ou ate mesmo sair para fazer alguma entrevista (isso sucedia muito em festivais em particular Cannes e me deixava louco!). Hoje o mais normal é ser enganado pela expectativa, pelo fato de estar assistindo a estreia com uma plateia espontaneamente positiva, numa sala classe A, com um projeção excepcional em IMAX ou 3D (que francamente estão se tornando incômodos e já poderiam ser descartados).
Mesmo assim, ou justamente por causa de tudo que mencionei acima, a gente se engana. Talvez porque na promoção do filme a expectativa é mais do que a realidade. Às vezes nós simplesmente gostaríamos de gostar do filme, ou da estrela e no impacto inicial, mergulhar nele. Acho que foi este o caso do Ghost in the Shell, que fracassou com a crítica americana e com a bilheteria (não passou de dezenove milhões de dólares).
O fato é que fiquei profundamente decepcionado em assistir um filme de ação de alto custo numa tela de projeção normal. E de repente, o rei ou a rainha, como dizia a velha história de fadas, estavam nus. Nunca vi Scarlett Johansson uma atriz que parecia sempre interessante se apresentar de uma maneira tão pouco atrativa. Sem vida, sem força, sem garra, escondendo a beleza através de uma maquiagem pesada que lhe deu um focinho de bicho – mas não de oriental como parece que se pretendiam. Falhando a protagonista, não fica distante outra favorita de muito charme que é a Juliette Binoche, que parece constrangida em estar ganhando um bom salário num filme de valor tão discutível. Ainda mais se for dela ter alguma força budista ou oriental e perceber que o diretor novato e toda a equipe não terem noção do que estavam fazendo. Se perdendo no que acaba sendo uma aventurazinha superficial e até ofensiva até para quem conhece superficialmente a complexa liturgia do roteiro – uma história já vista antes em outras versões.
Francamente não entendo porque fui tão generoso com um filme tão cheio de defeitos evidentes, começando com o elenco de apoio que traz o veterano ator e diretor de policiais, o Kitano, completamente sem energia no que deveria ser o duelo maior entre os protagonistas. A Direção de Arte tinha me impressionado a primeira vista, mas só pode algum delírio. Gostaria de saber agora o que os críticos do oriente acharam deste resultado e eu mesmo devo ficar mais atento a esses meus devaneios juvenis fora de hora.