Já longe se faz o tempo em que o diretor espanhol Carlos Saura foi o maior cineasta da nova geração espanhola que provocava a ditadura de Franco com filmes críticos e polêmicos, que fizeram muito sucesso em festivais e também no Brasil. Clássicos como Cria Cuervos, Prima Angélica, Ana e os Lobos, Elisa, Vida Minha, Mamãe Faz Cem Anos etc. Mas quando acabou a ditadura Saura procurou novas saídas e acabou dando certo gravando espetáculos musicais, que acabaram se tornando clássicos do gênero, graças também a qualidade dos dançarinos e coreógrafos (filmes como Bodas de Sangue, Carmen, Amor Bruxo). Depois conseguiu melhor resultado ainda quando convocou como seu fotógrafo o genial italiano Vittorio Storaro que renovou o gênero com Tango, 98, ainda por cima com musica do argentino Lalo Schiffrin. O resultado foi espetacularmente belo mas reprisado ainda por outro belo exemplar do gênero Flamenco, Flamenco (2010).
Uma pena que a parceria acabou deixando Saura sozinho para continuar a explorar os filões, indo a Buenos Aires para rodar este show feito em estúdio fechado (um grande galpão usado para tango) e certo profissionalismo. Mas quem viu os outros, vai lamentar a mediocridade deste que tem como curioso uma aparição da grande Mercedes Sosa em arquivo, que faleceu em 2009. Fora isso há uma sucessão de dançarinos e cantores de diversas partes do país, que executam na medida do possível, melodias e danças, todas medianas, que não se destaca nem como registro cultural de folclore, nem artístico (já que a iluminação ou criatividade) não chega nem aos pés do original de Storaro. Uma pena. Nem poético, nem memorável. E não ficou por aí, há outros do gênero como um sobre Aragon que leva o nome de Jota de Saura!