É curioso como o outrora admirado galã, ídolo das mulheres, Richard Gere, resolveu assumir a idade (cabelos brancos, pele cansada, nascido em 1949) e fazer papeis característicos em projetos pequenos de filmes independentes. Já fez vários, mas nenhum, nem este aqui, lhe deu a tão esperada chance de ganhar seus prêmios nem que seja pela longevidade. No caso, o diretor roteirista aqui Cedar é um novaiorquino que se tornou mais conhecido ao realizar um filme israelense bem competente chamado Beaufort (07, que foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro). Também engajado e polêmico, foi Fogueira (04, sobre mulher em busca de aceitação) e o mais recente de 2011, Nota de Rodapé (Hearat Shulayim), outro drama que foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro, uma situação polêmica entre pai e filho que são rivais no estudo e ensino do Talmud, e chegam a romper quando um deles sairá vencedor.
Ou seja, dos diretores assumidamente judeus, Cedar é dos mais competentes (rodou metade em Jerusalém metade em Nova York) e ousou dar a chance de Gere estava esperando ou desejando. Embora tenha um concorrente importante na figura de seu coastro israelense, Lior Ashkenazi, que faz o papel de Eshel, um político israelense que fica amigo de Norman Oppenheimer (Gere) e que depois se tornaria um poderoso primeiro ministro! Norman seria a figura chamada de “finagler” um manipulador que tenta dar bom resultado a projetos que precisam de ajuda (alguns críticos acharam parecido com a situação de Don Corleone de Chefão), que faz favores a que eventualmente irá depois cobrar. Na hora certa. Está sempre trabalhando como networking, palavra norte-americana para a política de fazer amigos e conhecidos, para que depois possa pedir favores deles. Uma manipulação muito mais comum do que se pode pensar.
Assim Norman compra sapatos muito caros para Eshel (repare que é Isaach de Bankole, quem faz o vendedor) enquanto utilize estratégias e papos furados para chegar perto dos poderosos. Gere tem a sorte de que o diretor Cedar humaniza o personagem utilizando um pouco de fantasia. O fato é que o filme favorece o ator tem a qualidade do roteiro (também de Cedar) de ter um bem sucedido capítulo final. Logicamente não é para os adolescentes, nem acho mesmo que para o público feminino que outrora venerava Gere. Mas adultos, homens de negócios, saberão apreciar o resultado. Embora não tenha tido o esperado sucesso, sem passar a barreira do pouco mais de um milhão de dólares de renda.