Crítica sobre o filme "Punhos de Sangue":

Rubens Ewald Filho
Punhos de Sangue Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/05/2017

O que deveria estar sendo promovido neste filme não é nem sua história meio patética (um boxeador de Nova Jersey que seria considerado o verdadeiro Rocky Balboa mas que perde essa chance na vida) mas o fato de que o diretor dele ser hoje considerado um dos mais importantes cineastas do Canadá francês, Philippe Falardeau, que tem uma série de filmes premiados, entre eles o finalista do Oscar estrangeiro que é o O que Traz Boas Novas (Monsieur Lazhar, sobre emigrante argelino que tenta ser professor, 11) e o bem intencionado mas mal sucedido, Uma Boa Mentira (The Good Lie, 14, estrelado por Reese Witherspoon, como mulher que tenta ajudar emigrantes africanos). Outro filme de que não me lembro mas foi muito premiado foi Não Fui Eu , Eu Juro (08). Agora que ele retorna com um filme que poderia ser mais comercial (mas não foi bem nos EUA, não resultou em cerca de 150 mil dólares de renda). E olha que tem uma credencial importante porque o protagonista é Liev Schreiber, que tem estado especialmente bem na série policial Ray Donovan, desde 2013 e deve voltar agora em agosto. Violenta, já lhe rendeu 5 indicações ao Globo de Ouro e com ótimo elenco seria o auge do ator que no entanto separou-se da também competente e que está neste filme Naomi Watts. Isso num elenco especialmente bom. O titulo original era The Bleeder (o Sangrador mas foi mudado a pedido do biografado para não parecer filme de terror).

São essas coisas da vida, Liev é melhor ator que Stallone, mas ninguém vai roubar deste ícone do cinema seu lugar de honra (também o filme levou tempo demais para se concretizar, hoje é coisa velha imitar Rocky). De qualquer esse Wepner era vendedor de bebidas alcoólicas que,  desculpe revelar o óbvio, conseguiu resistir 15 rounds com o maior campeão de boxe do mundo, o lendário Muhammad Ali, numa luta organizada por outra lenda Don King (que procurava um branco como adversário). É curioso também como os ferimentos e marcas do herói servem de honra (quebrou o nariz 8 vezes, 133 pontos, 14 derrotas e 3 nocautes). Apesar de tudo não desistia e sempre conseguia retornar. E parece verdade que Sylvester Stallone baseou o Rocky na vida dele.

A crítica americana destacou o fato de que o diretor não fez um filme de boxe e pancadaria mas seguiu a linha de Scorsese mostrando sua vida pesada cheia de altos e baixos. De tal forma, que Wepner acabou acreditando em sua própria lenda. E como todo filme do gênero, depois de um apogeu vem a decadência. De qualquer forma, registrem que se trata de um filme acima da média.