A demonstração clara de como o Festival de Cannes anda decadente e errando muito, é o caso deste belo e sensível drama francês que durante sua apresentação de gala no Palácio do Festival no ano passado teve uma ovação de sete minutos e não ganhou qualquer prêmio apesar da presença estrelar e belíssima de Marion Cotillard, hoje em dia a maior do seu país e uma inesperada presença sensível de Louis Garrel.Também uma direção muito competente da atriz veterana Nicole Garcia. Isso sem esquecer uma ousada cena de sexo do casal. Houve certo um erro grave. Que não foi corrigido quando foi indicado a 2 prêmios Lumières (foto e atriz), e vários Cesars (roteiro, montagem, direção, filme, figurinos, fotografia, som, atriz).
Eu gostei especialmente do filme não apenas pela espetacular presença de Marion mas também pela direção, passada nos anos 1950, em locações bonitas sendo que no livro era a Sardenha, aqui na Provence, depois La Ciotat e Lyon (em particular muito adequadamente grande parte do filme se passa num sanatório, para cuidar de doentes, nos Alpes de montanhas e Florestas, bem antigo e meio trágico). Antes de tudo é uma história de amor e o livro original se chama From the Land of the Moon (há uma citação no livro dizendo que a heroína era alguém que veio da terra da Lua!). Não canso porém em louvar o trabalho de Nicole (já veterana 46, foi estrela de 84 créditos como Meu Tio da America de Resnais, A Filha da Minha Mulher de Bertand Blier, Betty Fisher de Claude Miller etc. Como realizadora 10 filmes como Place Vendome com Deneuve e O Filho Preferido de Gerard Lanvin, Um belo Domingo com Dominique Sanda). Este é certamente seu filme mais controlado e sensível.
Marion é uma jovem do interior, muito complicada, porque comete o erro de seu apaixonar por seu professor que a despreza. A moça não aceita isso e de certa maneira passa a surtar, sofre muito a pressão da família do interior o que a leva a aceitar a proposta de casamento com um operário de bico calado. O tempo passado na verdade já começa no presente, com a família toda indo para o filho tentar passar em concurso de piano. Mas Marion larga pela esperança e só mais tarde sabemos que ela amava outro homem, um soldado oficial que está no mesmo sanatório mas está à beira da morte. No mesmo momento em que ele pode morrer.
Mais não se pode falar a não ser celebrar a resolução inesperada e romântica, que deveria tornar este filme um sucesso principalmente entre o público feminino.