A antiga Universal (que já teve diversos nomes e hoje pertence a uma rede de televisão basicamente esportiva, a Comcast) tem andado numa fase de poucos êxitos e certamente vendo o sucesso da Disney remontando e refazendo seus antigos sucessos, resolveu aderir também a essa política criando ao chamado “Dark Universe”, ou seja, dentro em breve estaremos assistindo o revival dos velhos personagens de terror que a Universal registrou ainda no começo dos anos 1930 e mantém os direitos até hoje. Nomes icônicos como Drácula, O Homem Invisível, O Lobisomem, O Fantasma da Opera, O monstro da Lagoa Negra (meu favorito), Frankenstein (para esse papel já chamaram Javier Bardem mas ainda não indicaram quem iria ser A Noiva de Frankenstein). Francamente uma descoberta muito tardia e sujeita ao fracasso ao julgar por esta primeira experiência que é provável que vá muito mal de bilheteria enfrentando a estrondosa Mulher Maravilha e os Piratas (aqui no Brasil foi pior ainda porque o filme só foi apresentado para a imprensa numa sessão das nove da noite justamente na véspera da estréia, prejudicando assim os jornalistas que não tiveram tempo ou possibilidade de publicar a crítica no dia da estréia como se tornou costume). Isso não sucedeu, por exemplo, nos EUA onde estreara apenas na sexta feira mas teve criticas lamentáveis, nas quais incluíram o decadente Tom Cruise, que aliás passa o filme com cara de espantado, agindo de forma absurda, ora querendo uma coisa, ora fazendo outra e principalmente sem qualquer lógica ao final.
Não resta a menor dúvida sobre a trilogia anterior chamada de A Múmia, de 1996, quando ela foi ressuscitada em grande estilo pelo diretor Stephen Sommers e que fez tanto sucesso que teve pelo menos duas continuações. São duas as razões desse êxito: primeiro a múmia não é levada a sério. Esta é uma aventura no estilo Indiana Jones, com muita comédia, muita correria, a partir do próprio herói, Rick O´Connell que é feito por Brendan Fraser. Também a heroína, Rachel Weisz é uma arqueóloga que não tem medo do perigo. Mas o filme dava certo principalmente por causa de seus efeitos especiais que dão vida ao antigo Egito e suas lendas misteriosas. A Múmia é uma aventura com humor para ninguém botar defeito.
Não é o que sucede aqui, que deve ter sido resultado de um diretor pouco conhecido e que não revela maior talento, o tal de Alex Kurtzman (que era basicamente produtor e roteirista). Realizou apenas Bem Vindo à Vida (People Like Us, 12, com Chris Pine e Michelle Pfeiffer). Aqui ele fica devendo o humor, o excesso de figuras que parecem zumbis e logicamente se assemelham a famosa série de TV. O coitado do Tom Cruise tem o que muita gente julga o pior momento de sua carreira (vai ver é o personagem que é o ruim, já que não sabe o que fazer). Muito sombrio ele começa com uma imagem que poderia ser curiosa, quando descobrem caixões de cavaleiros da antiguidade (o que isso tem a ver com o resto da história com zumbis é difícil explicar). O fato é que a história pula para o Iraque quando Cruise, um sargento do exército e um parceiro, Chris Vail (Jake Johnson), outro que vai virar zumbi dali a pouco, resolvem roubar peças antigas e raras, já que ali foi antigamente a Mesopotâmia. Que nada tem a ver com o Egito (e repetem isso no diálogo como se repetição fizesse alguma diferença). O fato é que eles despertam uma malévola bruxa que não é propriamente uma Múmia, mas que fará a grande vilã (porque ela tem duas pupilas em cada olho, é outro mistério!). Quem faz o papel infeliz é uma certa Sofia Boutella, uma argelina que já esteve em Kingsman e Star Trek. Apesar de se arrastar pelo chão e inventar truques para controle Cruise, ela não supera outra figura esdrúxula que vem a ser o gordo Russell Crowe, que não se sabe bem se é mocinho ou vilão ou se pode vir a ser figura continua de outros da bendita série tão bem apelidada de Universo Sombrio (já disse que o filme é escuro e sombrio? Pois confirmo). Temos ainda a bela loira mas fria, sem emoção, Annabella Wallis, que faz outra cientista, coisa que o filme tem em abundancia e é sobrinha do falecido Richard Harris (ela fez Annabella e o recente Rei Arthur).
No final das contas, há uma disputa por uma jóia vermelha que pertenceria ao Deus da morte, mas a esta altura do filme ele já não tem pé nem cabeça. Se for a sua, da para ver Cruise mergulhando por criptas, fugindo por estradas de ferro e querendo a qualquer custo se tornar herói num filme que simplesmente não o comporta. Na verdade, se tiveram bom senso e for mesmo fracasso, o melhor seria não tocar tão cedo nesta história de Múmia que nada tem a ver com o Egito e saiu no país errado! Uma besteira.