Ainda está em cartaz, mesmo que em final de carreira, esta aventura britânica quase épica, que poderia ser um filme espetacular, em particular para o brasileiro. Mas foi sabotada pela incompetência do diretor Gray, que certa crítica (americana e européia) ainda insiste em apoiar. Americano de nascimento, ele fez uma série de filmes policiais meio “noir” que tiveram a sorte de fazer sucesso e ate ganhar prêmios (4 indicações em Cannes, 2 ao César, Leão de Ouro em Veneza por Fuga para Odessa, Little Odessa, 94). Embora todos seus filmes tenham sido fracasso de público, ele sempre teve seus defensores: Caminho sem Volta (2000), Os Donos da Noite (07), o melhor deles, Amantes (08, com Joaquin Phoenix), Era uma vez em Nova York (13, com Marion Cotillard). Desta vez conseguiu um orçamento relativamente pequeno (segundo IMDB, não mais que 16 milhões) mas que lhe permitiu cenas de grande beleza, parecendo quadros ingleses antigos mas não impediu o fracasso de bilheteria (não mais que dois milhões de dólares). Não ajudou nada a presença do ator inglês Hunnam, meio famoso pela série de TV Filhos da Anarquia, e que teve quase ao mesmo tempo outro fracasso com o Rei Arthur, a Lenda da Espada. Mas que está rodando outro filme grande, a refilmagem de Papillon!
Na verdade, ele é um ator médio mais sem sorte do que talento. Conta o próprio elenco que o livro original que a vida da família mostrada no filme era muito interessante, sendo que o pai do protagonista, ganhou e perdeu por duas vezes a fortuna, e o casal central foram dos primeiros budistas! De tal forma que a figura mais marcante e oportuna acaba sendo o filho deles, já que tiveram a sorte de chamar o jovem Homem Aranha atual, Tom Holland, pequeno e feioso, mas muito talentoso. O filme conta uma incrível história real do explorador Percy Fawcett, que na virada do século 20 realizou viagens pelo rio Amazonas, onde descobriu provas de que existiu uma cidade misteriosa no meio da Selva. Na época não acreditaram nele, provocando uma situação trágica (provas recentes indicam que ele tinha razão, mas desapareceu em 1925). O filme foi rodado na Colômbia, Irlanda do Norte, mas não no Brasil, deixando com isso uma decepção evidente, com imagens apenas razoáveis muito distante do que conseguiram outros filmes sobre o tema, em particular os dois de Werner Herzog, o incrível e semelhante Aguirre, a Cólera do Deuses (72) e o posterior Fitzcarraldo (82). E mais A Floresta das Esmeraldas, 85, de John Boorman (este feito no Pará, mas também no Itatiaia, Rio de Janeiro, Parati).
Resta lembrar que no elenco como coadjuvante está o vampiresco Robert Pattinson, de olhos de peixe morto, como parceiro negativo do protagonista. No final das contas, mesmo um pouco antiquado, o filme tem certo charme. Mas no mínimo podia ter vindo rodar em locais autênticos!