Crítica sobre o filme "The Lovers":

Rubens Ewald Filho
The Lovers Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/09/2017

Este é daqueles filmes modestos que não fez muito sucesso na temporada de verão mas tem um apelo muito forte, por causa do retorno da quase lendária ex-estrela Debra Winger (nascida em 55, foi indicada três vezes ao Oscar por A Força do Destino, 83, Laços de Ternura de 84, Terra das Sombras, 93). Se tornou uma criadora de casos e se afastou da carreira se casando com primeiro com Timothy Hutton e até hoje com Arliss Howard. De 2003 em diante fez papeis nada marcantes e atualmente está na série de TV The Ranch. Por causa do seu temperamento insuportável, virou uma lenda e só agora teve um papel de estrela novamente. Bastante envelhecida, tem um trabalho bem controlado e humano aqui ao lado de Tracy Letts, dez anos mais novo que Debra, que é mais famoso como escritor de peças que viraram filmes (Possuídos com Ashley Judd, Killer Joe com Matthew McConaughey e Álbum de Família, com Meryl Streep. O último é Superior Donuts, que veio a ser adaptado como série de TV com Judd Hirsch e Katey Sagal). Alto, ruivo, gordo, ele não é especialmente atraente, mas é um ator muito competente, no novo Lady Bird de Greta Gerwig, Elvis & Nixon, Indignação com Logan Lerman e outros.

O diretor deste filme é para mim desconhecido já que filmes anteriores nunca passaram no Brasil, Azazel Jacobs dirigiu Terri, 11, Mamma´s Man, 08, The Good Times Kid, 05. Na história Debra e Letty são um casal que leva vida normal de subúrbio, cada um com seu emprego de rotina e cada um com um amante em andamento, Debra com um britânico (preste atenção que o papel é feito por Aidan Gillen, famoso vilão de Game of Thrones) e Letts, sofre com uma bailarina destrambelhada (Magnólia, Sociedade dos Poetas Mortos). Ambos vivem escondendo seus amores até quando meio por acaso voltam a transar e recomeçam com uma ligação até animada e bem sucedida. Até o momento em que vem visitar o filho ainda muito jovem e sua namorada e acha tudo aquilo uma hipocrisia, na verdade porque é jovem demais para entender os meandros do amor.

Gostei particularmente da interpretação do casal, sempre low profile, mas consistente e de maneira que é trata as reviravoltas de uma relação amorosa, as vezes complicada demais para ser explicada. Deve ter sido por causa disso que o diretor pediu uma trilha musical sinfônica e romântica, digna dos anos 50 e que hoje pode vir a incomodar. Mas diz muito claro a que veio. Embora sejam comuns filmes sobre casamentos e descasamentos, ele me pareceu muito sutil e capaz de provocar compreensão dentre os sócios da Academia.