Este é mais um filme do astro Clint Eastwood como diretor, o trigésimo sexto (apesar de ter nascido em 1930) que resolveu partir para um processo novo em sua carreira. Depois de que outros dois projetos seus demoraram a dar certo, ele se entusiasmou pela história real de três norte-americanos, amigos desde a infância, e que estão na França e descobrem que a bordo do trem há um terrorista. Decidem assim agir por conta própria. Há um detalhe curioso: Houve um outro herói a bordo do trem, um francês, que depois também recebeu a Legion d´honneur, mas o governo pediu para ele ficar escondido, sem revelar sua identidade. Com medo dele ser perseguido e morto pelos islamitas. Curiosamente é também o filme mais curto que Clint já dirigiu!
Todos os três americanos são, ao contrario do que diz o filme, 3 U.S. Airmen, apenas Spencer é da Força Aérea, Skarlatos da National Guard e Sadler é um civil. Spencer tem uma história trágica, seis semanas depois do ataque, ele foi atacado nas costas várias vezes num night club de Sacramento, que lhe custou caro (inclusive operação de coração aberto e outros ferimentos). Em 2017 o atacante dele foi condenado a 9 anos.
Nada disso porém impediu que a imprensa americana fosse extremamente agressiva com o resultado do filme. A maior reclamação é contra o fato de que o roteiro guarda o mais importante para os vinte minutos finais (mesmo tendo uns pequenos flashes anunciando o perigo). Reclamaram muito da viagem dos amigos, que não tem maior força ou graça, apesar do fotografo tentar conseguir imagens turísticas para distrair um pouco. Na verdade é interessante lembrar que o cinema com frequência chamou as figuras reais para estrelar seus filmes, como foi o caso dentre outros de Muhhamed Ali, Jackie Robinson, até Pancho Villa. Mais carismáticos do que os 3 heróis daqui! Houve também casos em que heróis verdadeiros que eram também atores famosos estrelaram suas biografias como Audie Murphy e James Cagney. Mas não atores representando a si mesmos é raro em Hollywood, e herança do neo-realismo. Difícil porém de encontrar um roteiro mais tolo para ilustrar as viagens do trio, totalmente sem graça! Ou mesmo pimenta. Por vezes toda a longa sequência chega a beira do ridículo. Ainda por cima, todo o tempo em que se mostra os protagonistas como crianças, é repetitivo e chato (inclusive desperdiçando as atrizes que fazem as mães).
Na verdade, os críticos pouparam os atores que tem aquela vontade de dar certo e serem muito heróis norte- americanos por excelência. A culpa maior é do roteiro mal desenvolvido cheio de clichês, não há quase suspense, nem muitos impactos dramáticos. Como ele não gosta de ensaios também não exige muitos dos seus comparsas. Por outro lado, não descansa em ser patriota até o fim quando há discurso do então presidente Francês, François Hollande e a mensagem : “Nós escolhemos lutar e tivemos a sorte de não morrer”. Lutei contra mas a verdade é que o final patriótico e real até me comoveu um pouco. Devo estar ficando velho mesmo!