Crítica sobre o filme "Operação Red Sparrow":

Rubens Ewald Filho
Operação Red Sparrow Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/03/2018

Confesso que ainda não entendi a estratégia da Fox em lançar este filme discretamente pouco antes do Oscar justamente no momento em que os interessados procuravam ver os filmes finalistas e depois os premiados. Nem sabia que o filme estava em cartaz quando descobri por acaso num comercial de internet. E mesmo assim quase sempre em apenas duas sessões diárias! O que poderia aumentar caso soubessem promover como a estrela Jennifer aparece várias vezes nua (ainda que em pedaços!) e além disso dois rapazes se exibem de nudez inteira ainda que rápida. O diretor Francis Lawrence é austríaco de nascimento e, depois de uma longa com vídeos musicais, tem uma carreira irregular de muitos fracassos (o primeiro foi Constantine, com Keanu Reeves) seguido por Eu Sou a Lenda (com Will Smith e Alice Braga), o fraco Água para Elefantes com Reese Witherspoon, os três filmes da série Jogos Vorazes (o que explica a presença aqui de Jennifer Lawence!) e este filme que é baseado num romance de 2013, escrito por um funcionário da CIA, Jason Matthews, que na verdade é uma trilogia (os outros seriam Palace of Treason e The Kremlin Candidate). Red Sparrow como se sabe quer dizer Pardal (o pássaro) vermelho (se referindo aos soviéticos). Tem um generoso orçamento de 79 milhões de dólares, mas não teve boa bilheteria (ate agora não passou dos 31 milhões de dólares o que pode ser explicado porque não é um filme para os muitos jovens nem mulheres que não gostam de violência!). Embora a primeira parte da história transcorra na Rússia, o filme tem momentos curiosos de cenas de luxo, no teatro, nos restaurantes, nos hotéis. Mas o decepcionante é que as locações foram em Budapest na Hungria, seguido por Bratislavia, na Slovakia, mais Viena e Londres!

Exageradamente longo, o filme começa muito bem com uma sequência rápida e interessante em que Jennifer se revela como uma famosa bailarina russa que está se apresentando num belo teatro (mas cai ferindo exposta uma perna, porque tudo foi conspiração de um bailarino a serviço de uma rival dela! Logo esta se vinga deles com violência, o que deixa um gosto duvidoso na boca dessa heroína que já vira bandida!). Mas a questão maior é que ela tem um tio jovem (o galã belga Mathias, que aliás não parece confortável com os diálogos e as roupas que veste) que é um dos chefes da espionagem russa e faz chantagem para ela para que esta se envolva noutra trama, que aparece no começo do filme. Há um espião americano (feito pelo australiano Edgerton, que é famoso por não ter a menor luz, ou brilho. É opaco). Que tenta proteger um espião local que os russos desejam muito (isso será revelado apenas no final).

Bom, passado o começo triunfal o filme começa a se complicar e vai ficando enrolado, difícil mais de seguir do que entender. É verdade que tem um elenco interessante como a filha de Vanessa Redgrave, a cara da mãe, Joely Richardson, que é doente e precisa de ajuda de assistência de enfermeira, o que explicaria porque a heroína Dominika Egorova precisa se render as ordens dos russos que ainda tem esperança de domínio mundial. Assim cai nas garras de Charlotte Rampling (falar de sua aparência atual seria indecoroso e por isso me calo). Mas tem mais gente boa, um discreto Jeremy Irons, uma aparição divertida de Mary Louise Parker (o mais perto que tem o filme de momentos de quase comédia!). O fato é que tudo resulta longo e cheio de vais e vens, cenas violentas e o amor mal resolvido do casal central (e felizmente uma conclusão se não inesperada pelo menos divertida).

Ou seja, Mr Lawrence realmente não é do primeiro time (o projeto passou antes por Darren Aronofsky, nem pensem em falar alto dele para Jennifer já que foi o tal que fez Mother! que ela odiou!), seguido por David Fincher e um certo Rooney Marwere. Mas ao menos a estrela treinou bem balé (mas teve dublê, Isabella Boyslston do American Ballet), se esforçou no sotaque russo, e sofre violências como uma coitada. O diretor deu entrevista comparando o personagem de Dominika com a Black Widow, que foi vivida por Scarlett Johanson. Dizendo que o filme aqui é um thriller e não filme de ação, com muitos efeitos. Mas admite que tem violência, perversidade, suspense e intriga. É um filme de espionagem diferente conclui, mas se esquecendo do telefilme Secret Weapon, 85, com Linda Hamilton e Sally Kellerman. Também deveria ter tido que vários filmes de espionagem são melhores que este.