Fiquei um pouco enciumado quando vi que o diretor deste filme ambicioso vem a ser um cineasta chileno que fez o premiado com o Oscar Uma Mulher Fantástica, 17, Gloria, 13, La Sagrada Família, 05, e ainda a nova versão americana de Gloria que está sendo feita com Julianne Moore, Michael Cera, John Turturro. Certamente um diretor brasileiro poderia fazer igual ou melhor (é a primeira vez que dirige em inglês e resultado é morno e sem vida para um tema que poderia ser explosivo, mas sente-se claramente que não querem ofender ninguém). Ou, mais adequado ainda, seria chamar um realizador judeu já que se trata de uma trama ousada de amor entre duas mulheres. E novamente é um tema tão feminino que não se entende porque não contrataram uma mulher para dirigir uma situação que elas com certeza entendem melhor.
Na verdade, foi Rachel Weiz (vencedora do Oscar, mulher do James Bond atual) quem co-produziu o projeto britânico, mas que não teve grande repercussão ou sucesso (passou em abril nos EUA e não passou de 3 milhões e 300 mil dólares). Nem mesmo na imprensa foi polemizado e não originou chances de concorrerem a premiações. Não conseguiu com este filme soturno nem qualquer indicação ou destaque a prêmio. Apesar disso, está sóbria e atraente, fazendo o papel de Ronit Krushka, uma fotógrafa de sucesso em Nova York que há muito tempo se afastou da comunidade judaica mas que retorna quando o velho pai dela faleceu em Londres. Quem a recebe é o primo Dovid (Nivola, um ator que sempre desprezei), que para surpresa dela se casou com uma antiga amiga dela de infância, Esti (um papel ousado, com nudez e sexo, para a americana Rachel McAdams, que tem tido uma série de bons personagens mas ainda não teve a consagração que merecia).
Basicamente o filme é a história do romance revivido entre elas, a meu ver faltando intensidade e paixão. Talvez por isso que o filme resulta tão mediano, querendo criar um escândalo no que acaba sendo uma bolha de sabão.