Se você é daqueles que não gostam de musicais, esqueça. Parta para outra. Mas não tenho qualquer pudor em assumir que desde criança sou fã do gênero, que frequentei os shows da Broadway durante anos para ver os espetáculos (e fui jurado durante alguns anos, das montagens nacionais). Mas esta continuação me pareceu ainda melhor do que o original de 1964 que revelou Julie Andrews (ela não está nesta versão porque não quis prejudicar sua sucessora também britânica, a igualmente talentosa Emily Blunt). Mas fiquei impressionado com esta versão assinada pelo especialista no gênero que é Rob Marshall (que fez o premiado Chicago, Nine, Caminhos da Floresta e o ainda em produção A Pequena Sereia). Que acertou em cheio na trilha musical (quem canta é o muito famoso nos EUA, Lin-Manuel Miranda, que fez Hamilton, aliás aqui numa presença muito simpática!). O que me impressionou é que é mais leve do que o original, só que as referências são ainda mais bem-sucedidas (lembram-se dos números musicais em animação dos estúdios Disney, pois ficaram muito melhor em espetaculares e agradáveis momentos de dança e humor). É sem dúvida o melhor filme de Marshall, além de ter escalado um lendário grupo de grandes figuras, começando com a inesquecível Angela Lansbury (1925, e um dos meus ídolos), a inesperada volta de Dick Van Dyke (1925, inacreditavelmente em forma), Meryl Streep, Julie Walters, Colin Firth de vilão, sem esquecer todo o elenco competente. A nova Mary, ou seja, Emily, é a perfeita herdeira do personagem num filme encantador e surpreendente. Não percam.