Crítica sobre o filme "Guerra Fria":

Rubens Ewald Filho
Guerra Fria Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/02/2019

Este é um dos filmes mais premiados deste ano, em todo o mundo. Este romance foi nomeado para 12 Eagle Awards (incluindo melhor diretor e filme) e também o European Awards (5 prêmios).

O romance após guerra é uma coprodução entre França, Polônia e Inglaterra. Este ano no Oscar ele foi indicado a concorrer como melhor filme estrangeiro, melhor diretor e fotografia. Sem esquecer quatro indicações para o BAFTA britânico. A história é baseada na vida dos pais de Pawlikowski e foi todo rodado em preto e branco, ou monocromático, o que o torna mais romântico e trágico o complicado romance entre musico (Tomasz Kot) e sua musa (Joanna Kulig). Pawlikowski foi também premiado como melhor diretor no Festival de Cannes.

Dados importantes: o romance entre os principais personagens foi inspirado na vida real de seus pais, que romperam o casamento algumas vezes chegando a se mudarem de uns pais para outro. O filme é dedicado a esses seus “pais”, inclusive usando os nomes reais dos protagonistas.

Este foi o primeiro filme de língua polonesa desde 1990 a ser exibido no Festival de Cannes (bem depois de outros poloneses como Polanski e Kieslowski). O sucesso foi tão grande que teve uma ovação de 18 minutos. Importante: os personagens principais foram baseados na vida real de uma famosa escola e grupo folclórico polonês que se chamava Zespol Piesni j Tanca Mazowasze (no filme o sobrenome foi mudado para Mazurek).Foi assim que Tadeusz e Mira se casaram e depois da guerra se mudaram para o interior onde procuraram cantores e dançarinos folclóricos. Eles também compuseram a canção Dwa serduzka, Cztery Oczky são as que servem de motivação para o filme. Joanna Kulig fez antes também um papel de cantora em outro filme de Pawel, chamado Ida (13). A influência dela foi tentar ficar parecida com a atriz americana Lauren Bacall. Outra informação importante: Pawel chamou para o grupo dançarinos do grupo Mazowsze (que ainda estava ativo até hoje) que ilustrava a sociedade e polonesa da época. O filme era para ser feito a cores (se reparar bem, apenas a cena em que a Joanna canta há certo tom de cores). Todos os números de Jazz foram executados por Marcin Masecki. Este foi o único filme do Oscar deste ano que foi indicado como melhor diretor e não filme.

Conclusão artística: tantos elogios, tanta repercussão para um filme musical e de amor. Só que é muito mais. Certamente é um dos poucos filmes recentes da Polônia corajoso o suficiente para questionar o passado e colocar o amor mais importante do que se sacrificar pela ditadura comunista. É um poema ajudado não apenas pelas músicas, mas pela incrível fotografia e delicadeza de imagens e sentimentos. Não perca.