Crítica sobre o filme "Abbas Kiarostami: O Vento nos Levará, Através das Oliveiras, Gosto de Cereja, Close-up":

Rubens Ewald Filho
Abbas Kiarostami: O Vento nos Levará, Através das Oliveiras, Gosto de Cereja, Close-up Por Rubens Ewald Filho
| Data: 29/06/2018

Um dos maiores diretores do cinema iraniano, consagrado com a Palma de Ouro em Cannes por Gosto de Cereja e também a Medalha de Ouro Fellini da UNESCO pelo conjunto de sua obra cinematográfica e por exaltar valores como liberdade, paz e tolerância em seus filmes. Nasceu em Teerã, Irã, em 22 de junho. Formado em Artes Plásticas na Universidade de Teerã, aos 20 anos trabalhou com pinturas, desenhos e ilustrações de livros. Foi convidado para fundar o Departamento de Cinema do Instituto de Desenvolvimento Intelectual para Crianças e Adolescentes. Durante este período, trabalhou também com publicidade, até 1968, quando decidiu-se pelo cinema. Estreou em 1970, com o curta Naan va Kooche (O Pão e o Beco), a primeira produção do Instituto, sobre um garoto que se perde voltando para casa depois da escola. No longa, estreou em 1974, com Mossafer (Viajante). O primeiro filme que chamou a atenção do Ocidente foi o documentário Close-Up, sobre um iraniano que se fez passar pelo cineasta Makhmalbaf e foi preso. Kiarostami filmou o julgamento e usou a história para retratar a pobreza e os preconceitos da sociedade iraniana. Com os 30 filmes que dirigiu, entre curtas, documentários e ficção, cerca de 25 foram exibidos em Festivais internacionais, dando a Kiarostami mais de 40 prêmios. O cineasta também escreve roteiros para colegas, como fez com Jafar Panahi no premiado O Balão Branco. Com O Vento nos Levará, de 1999, recebeu o Prêmio Internacional do Júri e da Crítica em Veneza. Quando o Irã endureceu sua política e censura ao cinema, ele foi salvo pela ajuda da atriz francesa Juliette Binoche, realizando o complexo mas belo Cópia Fiel. Em 2013, repetiu a dose em Cannes concorrendo por Like Someone in Love. Faleceu em 4 de julho de 2016 de câncer na região gastrointestinal aos 76 anos em Paris.

 

Gosto de Cereja **

O cineasta Abbas Kiarostami acabou virando queridinho dos críticos europeus, assim como o “cinema iraniano” virou moda no Brasil e sinal de “erudição” e de “bom gosto cinematográfico”. Mas Gosto de Cereja não foge à regra das produções rodadas no Irã: devido à ferrenha censura religiosa do regime islâmico, o filme é prolixo em alguns momentos e não deixa muito claro quais são as reais motivações da personagem principal - tudo leva a crer que o suicida é homossexual e procura parceiros em suas longas andanças de carro. Dividiu a Palma de Ouro em Cannes 97 com o japonês A Enguia. É uma fita obscura e pretensiosa. Para intelectuais entre aspas. Detalhe: não exija qualidade técnica em fita do Irã; eles mal têm dinheiro para pagar a película. Infelizmente o diretor faleceu no auge da carreira.