Crítica sobre o filme "Sua Última Façanha":

Rubens Ewald Filho
Sua Última Façanha Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/01/2018

Aos 102 anos, Kirk Douglas ainda esta vivo (recentemente patrocinou a construção de todo um hospital!) e é tempo de se confirmar que ele foi não apenas um dos atores mais populares de sua geração (e sobrevivente!) como um excelente produtor de filmes (e ocasional diretor menos frequente e menos bem sucedido). Foi ele por exemplo que estrelou e produziu dois grandes primeiros filmes de Kubrick, Spartacus, 60 e o subestimado Glória Feita de Sangue, 57. Este filme foi um projeto pessoal que foi fracasso de bilheteria, realizado com amigos e pouco dinheiro (também por isso é em preto e branco). E um dos filmes preferidos de Kirk que está também em um de seus melhores dias (foi indicado por O Invencível, 49, Assim Estava Escrito, 52 e Sede de Viver, 56). Mas só receberia um Oscar especial em 96. Aqui ele recrutou o famoso roteirista Dalton Trumbo, que foi uma das vitimas mais famosas da perseguição que o governo americano fez aos que suspeitava de comunista. Ele trabalhou anos sob pseudônimo (teve filme sobre ele) e foi Kirk quem o salvou do preconceito e miséria quando o chamou para fazer Spartacus assumindo o risco de contratar um pseudo comunista!

Era um filme sobre a liberdade dos escravos e aqui procuram relatar como um cowboy do faroeste moderno estava condenado ao desaparecimento, quando mudam os valores e os heróis a cavalo são perseguidos por helicópteros! Por isso o protagonista chamado John Burns é um dos últimos sobreviventes. Ele faz esse cowboy independente e rebelde que se faz prender na cadeia para depois poder fugir com um velho amigo, que foi sentenciado para a penitenciária. Kirk chamou um grupo de velhos amigos coadjuvantes (veja a ficha e ficará surpreso com os nomes, inclusive de gente premiada com o Oscar posteriormente), mas chamou para o único papel feminino a encantadora e excelente atriz Gena Rowlands, que era casada com John Cassavetes e faz pouca coisa e recebeu Oscar especial pela carreira. É a garçonete do bar que tenta ajudar o herói, fadado a ser destruído pelo progresso.

Ele chamou para a direção o pouco conhecido mas competente David Miller (1909-92), que dirigiu três atores para indicação ao Oscar (Joan Crawford e Jack Palance, em Precipícios d´Alma, 52, Bobby Darin, Pavilhão 7, 63). Mas também fez A Teia de Renda Negra, com Doris Day, 60, Gentil Tirano com Robert Taylor, 41, Loucos de Amor com os irmãos Marx, 49, Vida de Minha Vida, com Ann Blyth, 50, O Belo Sexo, com June Allyson, 56, Diana da França, com Lana Turner, 56, Esquina do Pecado com, Susan Hayward, 61, Pavilhão 7 com Gregory Peck, Assassinato de um Presidente, com Burt Lancaster, 73, e outros. Mas é preciso destacar a fotografia do pouco lembrado Phillip Lathrop (Terremoto, Não Podes Comprar o Meu Amor) e música do mestre Jerry Goldsmith .

Kirk sempre afirmou que o roteiro de Trumbo era o melhor que ele já leu e não permitiu que mudassem nada nele. O cowboy de um braço só é Bill Reisch que realmente perdeu um braço na Guerra, em Okinawa. O estúdio não permitiu os títulos preferidos de Kirk, The Last Cowboy e The Last Hero. Este foi um dos filmes preferidos do presidente John Kennedy. Kirk considera este não apenas seu filme preferido, mas o filho Michael acha a melhor interpretação do pai (Kirk também faz todas as cenas de perigo sem dublê). Spielberg pediu para a Universal para deixar este filme disponível para sessões de arte! Estreia no cinema de Bill Bixby e Carroll O´Connor, futuros astros da TV.