Clássico natalino bem humorado e cuja engenhosa trama, baseada em livro de Robert Nathan, envelheceu bem. Em grande parte pelo charme que Cary Grant (1904-86) dá a seu personagem, o anjo que vem em auxílio de um bispo episcopal (David Niven) e de sua esposa (Loretta Young). O filme foi iniciado por William A. Seiter, demitido pelo produtor Samuel Goldwyn e trocado pelo competente artesão Koster (1905-88), que refez tudo, inclusive com a feliz idéia de Cary e Niven trocarem os papéis (inicialmente seria o contrário, Cary, equivocadamente preferia o papel-título e Teresa Wright era a esposa). Isso aumentou a tensão e o humor, que gira em torno do bispo, assoberbado pelos compromissos sociais e financeiros da igreja, estar sendo relapso com suas obrigações puramente religiosas. Quando o céu manda um anjo para ajudá-lo, acaba ficando enciumado. Cary tinha química com Loretta (que, por sinal, na vida real era mesmo extremamente religiosa, a ponto de sempre circularem piadas sobre isso) e a relação dos dois dá até um toque atrevido e irreverente ao filme. Tudo é leve e delicado, em um filme otimista e de romantismo de antigamente, feito para toda a família. Billy Wilder e seu parceiro Charles Brackett, então dos roteiristas mais reputados de Hollywood, trabalharam sem crédito no roteiro final. Ganhou o Oscar de som e concorreu a filme, diretor, edição e trilha musical. Foi refeito em 1996 com o mesmo titulo nacional e em inglês como The Preacher´s Wife, com Denzel Washington, Whitney Houston.