Crítica sobre o filme "Homem-Aranha: De Volta ao Lar":

Rubens Ewald Filho
Homem-Aranha: De Volta ao Lar Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/07/2017

Já estamos na quinta aventura do célebre herói (descontando animações, séries de TV inclusive a que passou nos cinemas) no que poderia ser um lance arriscado quando decidiram matar a mocinha heroína do filme anterior, justamente a futura vencedora do Oscar, Emma Stone no longo e discutível O Espetacular Homem Aranha 2 - A Ameaça de Eletro 2 (14). Preciso confessar que não sou grande admirador dos atores que viveram o personagem, o pequenino e limitado Tobey McGuire, em Homem Aranha (1, 02), (2, em 04) e 3 (07) todos sob as ordens do fã de quadrinhos e esperto Sam Raimi (alias sou fã de Kirsten Dunst, que é uma ótima atriz ainda não respeitada o suficiente). Menos ainda do alto e medonho Andrew Garfield (que apesar de tudo ganhou fama de bom ator). Diante da decisão errada a Sony precisou encontrar uma outra saída para seu herói de estimação e miraculosamente acertou. Para mim, o novo Homem Aranha, também o mais novo, é um ator britânico que tinha me impressionado muito quando o vi em O Impossível, 12, onde fazia o filho mais velho. Está longe de ser bonito, é de estatura não mais que mediana, mas tem uma coisa que não tem preço, é talentoso, bom ator, versátil, sincero e mantém uma juventude radiante que ajuda muito nesta retomada.

Tom Holland é britânico nascido em 1996, filho de comediante e ator. Foi estudar arte dramática mas ficou famoso porque durante anos fez o papel central do musical Billy Elliot no palco (em 2008). Logo depois fez o papel do filho mais velho no sucesso O Impossível (The Impossible, 12) seguido de Locke (só voz), Minha Nova Vida (13, How I Live Now, Saiorse Ronan), a série Wolf Hall, 15, No Coração do Mar, 15 com Chris Hemsworth, Capitão América: Guerra Civil, 16, Edge of Winter, 16, o recente Z a Cidade Perdida, 16, Pilmigrage, 17 , de Brendan Muldowney.

Não sei ainda o que dizer do diretor novo da série, que como sucedeu com a maior dos descobertos pelos estúdios em Hollywood, foram contratados a baixo orçamento (e alguns deles já foram despedidos! Obviamente!). O daqui se chama John Watts, fez a A Viatura (Cop Car, com Kevin Bacon, 15), o terror Clown, (14 com Peter Stormare), dentre curtas, telefilmes. Ou seja, não tinha créditos suficientes para justificar o risco que estão correndo com ele. A nova mocinha da história não é nenhuma Kirsten mas ao menos foram abertos em escalar uma bela jovem negra chamada Zendaya. Que é um veterana de vídeos musicais, séries de TV e curtas. Quem retorna com sua simpatia de sempre é a tia, feita de novo por Marisa Tomei.

Eu gosto especialmente do fato de não ficarem repetindo o que já havia sido explorado na trilogia inicial e mesmo na posterior, com o herói voando pelos ares nas ruas de Manhattan, efeito plástico mas já mais do que explorado. Toda a ação se passa em bairros mais pobres, como Queens, em situações mais humanas, com ele lutando contra os problemas de escola (mas pouco bulling que já está se tornando clichê) e usando outro negro gordão no caso como o atrapalhado melhor amigo, que o vai levar a confusões.

Já disseram que quem rouba o filme é um antigo veterano de super heróis, no caso Batman, e que renasceu depois de ser indicado ao Oscar (que deveria ter ganhado!). No caso, hoje temos que admitir muito bom ator – e até mais discreto – Michael Keaton, que tem uma participação inesperada na trama da história que não vou revelar. Outro dado fundamental, aproveitando a moda que começou a pegar, toda a ação é bem humorada, quase comédia e até com piadinhas mais teens (o herói que se chama Peter Parker é chamado de Peter Pênis).

Ou seja, tentam não reprisar o que já sabem que foi visto antes em aventuras anteriores. Mesmo porque não precisa porque este rapaz já havia aparecido antes numa participação pequena mas eficiente no Capitão America Guerra Civil (16) o que lhe colocou justamente sob as ordens de outro super herói no caso o Iron Man (Robert Downey), o que faz com que seja alivio cômico o também conhecido diretor e ator Jon Favreau, ponta de Gwyneth Paltrow, sem esquecer da tradicional aparição cômica do criador Stan Lee. E já que estamos no assunto, claro que temos dois teasers, pequenos trailers de filmes futuros. Na verdade, apreciei mais justamente o último, que bem divertido. Não esqueçam que este é o primeiro filme da Sony em parceria com a Marvel. 

Mas em computo geral eu gosto desta Volta ao Lar, construindo o herói novamente como o desajeitado teen de bom coração, que vai aprendendo aos poucos ao lidar com seus poderes, quase sempre de forma desajeitada. Bem recebido pela critica aqui e lá fora, teria custado 175 milhões de dólares. Houve poucas reclamações da parte final em excesso de CGI. Eu o achei muito divertido e terei prazer de assisti-lo de novo.