Crítica sobre o filme "Mamãezinha Querida":

Rubens Ewald Filho
Mamãezinha Querida Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/04/1991

Foi tremendo fracasso de bilheteria esta tentativa de se transpor para o cinema o livro autobiográfico de Christina Crawford, filha adotiva de Joan Crawford (1906 - 77), estrela de incrível longevidade (durou dos anos vinte até praticamente o fim sempre trabalhando). O livro causou escândalo ao revalar a face oculta da estrela, neurótica, bissexual (o filme não leva isso adiante), egocêntrica, tratava os filhos como escravos amarrando-os á noite na cama, batendo neles com cabide de arame. Nada que pelos filmes (um deles, Os Amores Secretos de Eva, Queen Bee, 55, era estranhamente próximo da realidade) não desse para adivinhar. Com a maquiagem Faye faz uma imitação muito parecida, embora criticada na época. Faye faz o possível, mas contra ela está um roteiro com frases ridículas e cenas que o público americano ridicularizou (ele virou cult mas só por deboche). Ainda assim dá uma visão bem realista do que era ser estrela no auge do sistema de estúdios (é muito eficiente o começo que mostra ela usando gelo e água quente para desinchar o rosto). Hoje não se discute mais a veracidade dos fatos (a realidade era ainda pior do que contava Christina) e o curioso é que filhas de outras estrelas, Bette Davis e Marlene Dietrich, depois escreveram livros semelhantes (só variava o nível de maldade). O diretor Perry lutou contra o câncer, mas faleceu em 1995.