Um sensível mas lento drama romântico feito pelo inglês Richard Attenborough logo depois do fracasso de Chaplin. O forte de Attenborough é a direção de atores, sempre primorosa. Não que haja muita novidade em ver Anthony Hopkins depois de Os Vestígios do Dia fazendo outro inglês reprimido e travado. Ele se desincumbe com seu habitual carisma e equilíbrio, chegando a ter duas cenas de choro. Este ano, Hopkins concorreu consigo próprio para o prêmio da Academia, que preferiu indicá-lo acertadamente pelo outro filme. Situação semelhante ocorreu com Debra Winger que teve este ano além deste trabalho que lhe deu a indicação ao Oscar e a volta ao prestígio anterior, o de Uma Mulher Perigosa. A Academia errou, Debra estava melhor no outro. Na verdade, a grande figura do filme é o menino Joseph Mazzello, o mesmo de Radio Flyer e O Parque dos Dinossauros. Como o filho americano de Debra, ele está perfeito e tem os melhores momentos.
O fraco de Attenborough porém é sustentar uma narrativa dramática. Ele aproveitou uma história real, adaptada pelo próprio autor William Nicholson, de uma peça teatral. Realmente não se confinou a ambientes fechados, espelhando a trama por suntuosos edifícios e campus da Universidade de Oxford. Mas conferiu ao filme um ritmo lento, principalmente no começo. É preciso certo esforço para entrar na história de um escritor de livros infantis e professor universitário, C.S. Lewis (Hopkins) que vive solitário ao lado do velho irmão que fica amigo de uma judia americana com um filho pequeno e um divórcio pendente, Joy Greshman (Debra), também poetisa. Para que possa ficar residindo na Inglaterra, Lewis casa-se com ela, apenas por gentileza, sem consumar a relação. Até quando descobre que Joy está com câncer e os dias contados. Então formaliza o casamento e tenta viver feliz os últimos dias que lhe restam. Sempre com o dilema, será que vale a pena viver um grande amor, sabendo que depois virá o sofrimento?
Esta "Love Story" à inglesa pode provocar lágrimas mas em momento nenhum consegue ser sentimental. Parece que Attenborough tem medo das grandes emoções, filmando tudo de longe, no formato Scope (particularmente inadequado para uma história intimista). Não é definitivamente um grande cineasta, o que impede Terra das Sombras de escapar do confinamento de seu próprio tema. Grandes atores num filme ascético, literário, que tem medo de assumir seu romantismo.