É muito louvável que estejam distribuindo este documentário, gênero que obviamente não estoura bilheterias. Mas eu confesso que cada vez aprecio mais o gênero e a evolução que eles estão sofrendo (a culpa antes eram as regras quadradas da Academia do Oscar que rejeitava inovação narrativas!). E o diretor Davis, que é casado com a atriz Elizabeth Shue (o sobrenome sim indica que ele é da milionária família que criou o museu homônimo) já ganhou um Oscar por Uma Verdade Inconveniente (06), fez ainda Waiting for Superman (10) e A Todo Volume (08).
Desta vez ele conta a vida de uma grande figura, paquistanesa Malala Yousafzai, que teve a coragem de enfrentar os fanáticos religiosos do Taliban, que proíbem as mulheres de frequentarem as escolas ou estudarem, destruindo com bombas as salas de aula e reduzindo a presença delas a quase escravas (além de terem que viver cobertas de panos e lenços). Filha de um homem politizado, ela sofreu um atentado a bala que quase lhe tirou a vida, deixando também sequelas (um boca torta por exemplo), mas que não perturbaram nem suas ideias, nem sua luta para terem sua identidade e liberdade de pensamento. Os recentes ataques a Paris deixam ainda mais claro a estupidez de qualquer fanatismo religioso. Malala registrou tudo isso num livro de sucesso (ainda que curiosamente ela indique no filme como seu livro favorito a obra mais famosa do nosso brasileiro Paulo Coelho, O Alquimista).
A sacada do diretor é mostrar através de cenas de animação, aliás bonitas e sugestivas, a origem do nome Malala como uma figura lendária - uma mulher! - que comandou a resistência durante uma guerra do passado. É o que esta jovem faz hoje, viajando pelo mundo tentando combater a estupidez masculina, fazendo discurso nas Nações Unidas e eventualmente ganhando o Premio Nobel da Paz.
É um documentário muito bem feito que relata os fatos, penetra na vida familiar da heroína e nos dá uma lição importante e oportuna. Não tenham preconceito contra o gênero, não é cansativo, ao contrário, emociona e ensina.