Crítica sobre o filme "Arte de Brian de Palma,A: Um Tiro na Noite, Irmãs Diabólicas, O Fantasma do Paraíso":

Rubens Ewald Filho
Arte de Brian de Palma,A: Um Tiro na Noite, Irmãs Diabólicas, O Fantasma do Paraíso Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/01/2016

TIRO NA NOITE

Mais uma fita onde o diretor DePalma prova que não lhe falta talento. Como sempre, ele faz um pastiche dos filmes de Hitchcock. Mas a referência mais forte é mesmo Blow-Up, de Antonioni. O protagonista (Travolta) segue uma trajetória semelhante ao personagem de Antonioni, tentando elucidar um crime cujas provas vão se tornando cada vez mais tênues e dispersas. No caso, é um técnico de som de cinema que, ao recolher sons noturnos, acaba gravando um acidente com o carro de um político. De Palma coloca então seu relutante herói descobrindo as provas de uma trama de assassinato e corrupção. O filme sempre mantém um clima de tensão, mas só nos minutos finais é que assume o suspense. Além disso, traz a melhor interpretação de Travolta. (Publicado em 1995)

 

Mais uma fita em que o diretor DePalma provou que não lhe faltava talento. Como sempre, ele faz um pastiche dos temas de seus diretores preferidos, como Orson Welles e Hitchcock. Mas a referência mais forte é mesmo "Blow-up", de Antonioni. Um acidente com o político Ted Kennedy também inspirou a história.

O protagonista (Travolta) segue uma trajetória semelhante ao personagem de Antonioni, tentando elucidar um crime cujas provas vão se tornando cada vez mais tênues e dispersas. De Palma coloca então seu relutante herói descobrindo as provas de uma trama de assassinato e corrupção.

O filme sempre mantém um clima de tensão, mas só nos minutos finais é que assume o suspense. Além disso, traz a melhor interpretação de Travolta (junto com "Pulp Fiction"). (Publicado em 2006)

 

IRMÃS DIABÓLICAS

Faz tempo que não revemos no Brasil os filmes de começo da carreira de Brian De Palma (este chegou aqui depois do sucesso de "Carrie, a Estanha"), onde ele não tinha maior pudor em imitar Hitchcock, a ponto de utilizar como autor da trilha musical o mesmo compositor, o grande Hermann, que é responsável pela integridade da fita. Quando tudo mais falha, a trilha musical é o que sustenta.

Embora prejudicado pelo visual dos anos 70 e pela pobreza da produção, o filme conta de forma engenhosa (lembrando "Psicose"), a história das siamesas que foram separadas e a sobrevivente que ficou esquizofrênica (eles tentam fazer suspense com isso, mas estamos revelando um fato da trama que qualquer pessoa mais experiente vai perceber). Margot Kidder (que depois faria "Superman"), interpreta a heroína.

O filme até que começa bem (com um programa de perguntas e respostas onde ela é modelo e conhece sua futura vítima, curiosamente um negro) e chega ao luxo de ter split-screen (a tela dividida em duas ações simultâneas) mas piora bastante quando aparece o marido psiquiatra que a leva para o sanatório e seqüestra a jornalista hipnotizando-a. Ainda tem alguns macetes curiosos mas a conclusão deixa a desejar.

A capinha diz que vem um artigo da revista Life, que inspirou De Palma, mas não há artigo algum. Novidade: há um aviso no início de que o filme é desaconselhável para menores de 18 anos. (Publicado em 2005)

 

FANTASMA DO PARAISO

Este é um legítimo cult movie (quando estreou em São Paulo, saiu de cartaz depois de dois anos, para voltar num cinema de arte, o Bijou, onde foi descoberto numa época em que ninguém sabia ainda quem era De Palma). Não tem nada a ver com os filmes anteriores ou posteriores dele. É uma sátira ao mito do Fantasma da Ópera, transposto para o mundo do rock, numa casa de consertos chamada Paraíso, mas mantém o mesmo esquema: compositor talentoso é enganado por empresário, fica deformado em incêndio mas se esconde nos subterrâneos onde se interessa por pupila talentosa. Também tem toques claros de Fausto de Goethe (o homem que vende a alma ao diabo), com um visual muito típico da época (o que o envelhece um pouco) com os maneirismos típicos do diretor. A trilha foi composta pelo quase anão Williams que faz o também vilão. Tom discreto de sátira, mas não paródia. Um detalhe: Sissy Spacek foi assistente de cenografia da fita. (Publicado em 1997)