Crítica sobre o filme "Sniper Americano":

Rubens Ewald Filho
Sniper Americano Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/02/2015

Já chegando perto dos 300 milhões de dólares este foi o êxito inesperado do fim do ano nos Estados Unidos, depois de ter sido esnobado pelo Globo de Ouro e o Sindicato dos Atores. Um êxito que tem causado polêmica, como sempre provocada pelos partidos de Direita racistas que gostam de criar confusão e atrapalhar o que sobrou de governo do Sr. Obama.

Não é preciso comparar com a escolha da Academia que errou sim e feio ao não votar em atores negros de qualidade (porque haviam) representados num filme libertário como Selma. Seu silencio é frustrador (ainda mais quando eles tem pela primeira vez uma presidente negra), mas denota que é uma organização livre e distraída. Seu maior problema que eles custam a ver, que é o excesso de filmes para ser visto no mínimo de tempo, ainda mais agora que o Oscar® passou para fevereiro e não mais março. Dá para assistir e julgar tudo. Não, a verdade é que sempre terão mais e mais injustiça, às vezes porque o própria produção não teve o tempo necessário para fazer as copias de serviço e depois distribuí-las com os cuidados anti piratarias que no final das contas não funcionam lá muito bem. Ainda mais sério é o fato de que filmes sobre negros são tradicionalmente no resto do mundo e no Brasil e desde a época do VHS, tremendos fracassos de bilheterias (a exceção eram comédias com Whoopi e Eddie Murphy e ação com Denzel. Infelizmente os dois primeiros estão já se aposentando). E muitas vezes nem são importados.

Selma certamente esta sendo um injusto fracasso embora seja o primeiro filme dirigido por uma mulher que ficou entre os 8 finalistas. Por outro lado, até pela presença de Clint, que é juramentado Republicano, este Sniper (que diabos o público tem que saber que isso quer dizer franco atirador, não é nome de ninguém como fica parecendo!) é um drama muito sério, nada demagógico, e que não faz propaganda nem da guerra (Clint por sinal foi contra os americanos se meterem no Iraque). Nem faz, como pode parecer nos anúncios e até no trailer, um endeusamento de um super herói, porque era o campeão de mortes de inimigos (não em confronto, mas escondido, podendo ser crianças ou mulheres terroristas).

É preciso se ter o olhar certo para entender que o norte-americano médio criado patrioticamente mas hoje sem recursos de trabalho, com muita facilidade se inscrever para lutar por seu país numa guerra que desconhece num lugar do mundo tenebroso e conflitado, do qual não conhece a língua nem os costumes e para bem da verdade, nunca deviam ter se metido. Mas ganham um salário relativamente bom para se arriscarem a serem mortos a qualquer momento, numa Guerra sem regras, de pressão absoluta a qualquer momento. Para sobreviver é preciso se drogar, ser amigo fiel dos colegas, não pensar demais e como no caso real desde rapaz Chris Kyle se tornar exímio atirador e um exemplo para os colegas, isso durante quatro repetidas missões.

Achei que o roteiro nada sentimental, não chega a fazer um retrato muito completo e humano de Kyle, talvez porque ao contrario do que inventaram o Sr. Bradley Cooper não é muito expressivo (alem de tudo para virar guerreiro teve que engordar, raspou a barba que sempre usava e ficou mais inchado, diria deformado. O que não lhe favoreceu).  De qualquer forma, culpa de alguém Kyle continua um mistério assim como sua mulher (vivida pela inglesa Sienna Miller, que nunca me convenceu) e o final muito rápido demais, que explica mal, ficamos mais ainda perdidos. Só que com a certeza de que a culpa não é desses soldados que enfrentam com bravura suas ordens. No mínimo são heróis que ao voltarem sofrerão problemas mentais e de saúde (na guerra foram usados produtos químicos) e desprezados pelos mais bem sucedidos.

É uma situação trágica e que vive se repetindo há muitas décadas e até agora não tinham feito um bom filme a respeito. Como Clint sabe realizar, de custo médio (68 milhões), direto, sem frescuras (este ano ele purgou um injusto fracasso com o musical Jersey Boys).