Crítica sobre o filme "100 Passos de um Sonho, A":

Rubens Ewald Filho
100 Passos de um Sonho, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/09/2014

É preciso não esconder o atrativo mais interessante desse novo filme do sueco Lasse Hallstrom (que fez Chocolate) sobre culinária: justamente o fato de que ele foi produzido numa parceira de Steven Spielberg e Oprah Wimphrey. Isso deve explicar o fato de que o filme teve uma bilheteriarazoável (50 milhões de dólares e ainda em cartaz) para um gênero muito especifico que procura unir os prazeres e delicias de dois tipos de cozinha, ambas muito requintadas a sua maneira. A indiana e francesa.

Naturalmente é uma fabula repleta de fantasia, boa vontade, de fogos de artifício explodindo no céu e principalmente sonhos possíveis de realizar com a ajuda da fantasia do cinema. Embora possamos reclamar de alguns detalhes, tais como a escolha da super britânica Helen Mirren (ainda que seja russa de nascimento) para fazer um grande cozinheira e dona de restaurante tradicional de interior. Fica difícil engolir isso, em parte porque muito mitos do cinema Francês estão vivas e ativas (Danielle Darrieux, Michele Morgan, Micheline Presle etc.) ainda que não populares atualmente e no mundo inteiro quanto ela. Tentaram dar a Helen um sotaque indefinido, sem tocar no assunto e lhe dando maquiagem e figurinos mais suaves.

Mas tem muito acertos. Assisti o filme numa bela projeção em São Paulo, que me permitiu embarcar inteiramente na fantasia do jovem indiano Hassan, que é o narrador da história. Ele nasceu o dom de cozinhar que aprendeu da mãe. Mas a família toda teve que escapar para a Europa onde agora tentam encontrar um lugar onde possam montar o restaurante de seus sonhos. Os breques do carro se quebram e por acaso, com a ajuda de um pouco de intuição, eles compram uma velha casa abandonada que fica justamente em frente a um restaurante tradicional de Helen, Madama Mallory, famoso por ter um lendário Estrela do guia de gastronomia Michelin (num dialogo eles dizem “na França, eles são deuses”!).

O filme minimiza um pouco as ações de bruxa de Helen justamente porque vai muita água a rolar, como o desastre da primeira experiência, o romance de Hassan com outra aprendiz de cozinheira (Charlotte Le Bon, a cara de Winona Ryder só que mais alta e com os dentes precisando urgente de correção), um atentado contra os indianos, a luta para conseguir uma segunda estrela e por ai o filme não sabe evitar problemas, vai ficando arrastado, se repetindo, levando Hassan para Paris onde vai pesquisar novos tipos de pratos (no disfarçado Georges do Pompidou etc e tal).

Podia ser mais direto e curto, para evitar o excesso de mel e se limitar as receitas e ao romance (rodado no Castelnau de Lévis, Tarn, Saint Antonin Noble Val, Tarn e Garonne, Saint-Jory, Haute Garonne).