Um dos problemas do cinema brasileiro é não produzir filmes de gênero (terror, suspense) que tornariam o cinema nacional mais alternativo e diversificado. A descoberta deste filme meio por acaso para abrir o recente Festival de Gramado foi uma solução interessante, porque o filme super recente serviu também para homenagear na abertura do Festival justamente o ator e diretor José Wilker (que por não por acaso também era o junto comigo o curador do Festival). Quando sugeri o filme confesso que tinha poucas informações e não sabia que o diretor dele, Tomas Portella, havia sido não apenas assistente de confiança de Wilker na comédia que dirigiu como também era visto como uma espécie de filho/afilhado. Um laço afetivo que tornou mais tocante sua exibição, já que embora a participação de Wilker seja pequena, foi mantido um plano dele onde escreveram alguns pensamentos muito bacanas do querido amigo. Ou seja, tudo foi muito oportuno e a verdade é que o filme acabou sendo muito mais feliz do que poderíamos imaginar.
Eu gostei especialmente porque acho bom partimos para histórias de suspense como esta, modesta de produção (um sitio no meio do mato, pouquíssimos atores, e um roteiro que pensando bem é mais rico e cheio de sugestões do que parece a primeira vista). Também achei um acerto a escolha da dupla central, Bruno Gagliasso e Regiane Alves. Como já tem demonstrado muito na televisão, Bruno é versátil, tem boa aparência e versatilidade. Mais que isso acredita-se nele e na sua figura de Lauro que decide alugar um sitio no mato, Serra do Rio, junto com a namorada Renata, tentando esconder que a região esta sendo atacada por bandidos perigosos. Regiane Alves, que também esta em cartaz no bonito O Menino no Espelho, que não há meio de encontrar seu público,nem em Zuzu Angel e Onde está Você. Não se deve falar muito na trama, que acaba tendo algo mais além da mera leitura. Mas eu aceitei na boa. Quem sabe é a abertura de um novo caminho para o cinema popular brasileiro.