Filme de abertura do recente Festival de Paulínia, esta é uma muito bem realizada versão da autobiografia do escritor Paulo Coelho, que foi sucesso de venda.  Mas fico admiro com a medida do acerto. Eu conheço o diretor Daniel Augusto desde quando ele foi meu diretor da série da TNT, TNT Mais Filmes, durante três temporadas. Deu para perceber que sabia e entendia muito de cinema. Além disso, ele passou a me mandar para assistir os curtas que ia realizando ou os documentários que também dirigiu. Ou seja, tinha também vontade e força de vontade. Mas vencer os desafios dessa forma e certamente com a ajuda da produtora e roteirista Carolina Kotscho (por sua vez filha do célebre Jornalista Ricardo Kotcho, também meu amigo) é impressionante. 

Sua maior sacada foi simplesmente contar os fatos de uma forma original, relatando sua infância e adolescência conturbada (e para isso colocou como irmão do protagonista o Julio de Andrade o próprio irmão dele, muito parecido e eficiente, Ravel Andrade). Aliás Julio tem sido nos últimos anos o ator mais premiado, mas sua versatilidade  mudando de cara sempre de certa forma o prejudicou, já que o público não sabe direito quem é ou mesmo sua aparência. Ele tem cara de gente comum e isso tem sido o maior trunfo (acrescido do fato de ser ótimo ator). Esteve nos recentes Entre Nós, Serra Pelada, A Estrada 47 que passa em Gramado, foi Gonzaguinha em De Pai para Filho.

Um detalhe importante: o filme utiliza-se de uma excelente maquiagem para envelhecer o Paulo e rodou muito na Espanha (ou seja, saciando a curiosidade dos que gostariam de ir a  Santiago de Compostela, com bons atores locais). Mas deixa justamente para o fim a parte do livro que o público tem mais interesse em conhecer,  que é relação de Paulo com Raul Cortez (e o baiano Lucci Ferreira se torna revelação do filme).

Tem sido muito difícil filmes nacionais que não são comédias rasgadas obter maior bilheteria. Torço que por suas qualidades, que Não pare na Pista faça o sucesso que merece.