Crítica sobre o filme "Mercado de Notícias, O":

Rubens Ewald Filho
Mercado de Notícias, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/08/2014

Sou admirador confesso do gaucho Jorge Furtado, que tem feito uma carreira brilhante, sem deixar sua cidade Natal, variando entre comédias para cinema (Saneamento Básico), dramas (Meu Tio Matou um Cara), Ó Pai, Ó, clássico de curta-metragem (A Ilha das Flores), séries de TV incluindo a que deu o Emmy para Fernanda Montenegro (Doce de Mãe) e o recente Boa Sorte de Carolina Jabor. Pois é provavelmente o seu filme mais original, uma mistura inusitada de uma peça teatral inglesa do século 17 do escritor Ben Jonson (1572-1637) que justamente descreve os primórdios e regras básicas de como surgia o jornalismo empresarial, dominado por grandes empresas. Foi Jorge quem o traduziu e o encena com grande elenco local,  figurinos de época e um bom humor geral.

Só que os eles vão mostrando é entrecortado por depoimentos de muitos jornalistas famosos dos principais veículos, que discutem o presente e o futuro da informação, admitem alguns erros e apresentam até situações absurdas. Na verdade, toda essa discussão não poderia ser mais oportuna em época de decadência dos jornais como os conhecemos, uma transição ainda não bem sucedida para a Internet e onde os velhos meios de pressão dos políticos ainda continuam a prevalecer. Sempre tenho me queixado dos documentários nacionais, são quase sempre confortavelmente ao lado do óbvio e fugindo da polemica. Não é o caso aqui. Sem dúvida, um dos mais originais e inteligentes documentários já feitos no Brasil.