Crítica sobre o filme "Céu é de Verdade, O":

Rubens Ewald Filho
Céu é de Verdade, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/07/2014

Todo mundo sabe desde a versão da Paixão de Cristo de Mel Gibson, que existe um público que gosta de consumir filmes sobre temática religiosa, em particular os crentes protestantes (que fez parte do sucesso de Noé, mas rejeitou o recente A Vida de Cristo, acho que simplesmente porque não gosta de ser enganado. A série já havia sido mostrada na TV e tinha má qualidade!).

Na verdade, os filmes do gênero (porque já é um gênero) têm vários saído em DVD e padecem de um orçamento muito pobre e realizadores amadores, que podem estar cheios de boa vontade. Mas não de talento. Este aqui é uma clara exceção, já que vem assinada por Randall Wallace, roteirista e diretor de Coração Valente (aquele que é amigo do próprio Gibson para quem fez também um drama de guerra Fomos Heróis, O Homem da Mascara de Ferro com Leo di Caprio, o filme de cavalos Secretariat e ainda escreveu o script de Pearl Harbor).

Inspirado em fatos reais, Heaven is for Real rendeu um livro que ficou muito tempo dentre os mais vendidos do New York Times. O afável Greg Kinnear é a escolha certa para viver o pregador do interior, Todd Burpo, que precisa encontrar coragem para espalhar a notícia que seu filho pequeno, de quarto anos garante ser verdadeira. Acho que o sucesso do filme (que custou 12 milhões de dólares e até o momento rendeu perto de 90! Só agora esta entrando no mercado externo, com 3 milhões) se deve a feliz escolha do elenco. Não apenas Kinnear  que é um ator aberto, simpático e não tem em qualquer momento qualquer sinal de presunção ou dono da verdade. Estão todos muito naturais, mas o maior achado é o menino que faz a figura chave, Colton (o novato Connor, um estreante que não pode ser bonito e ter olhos azuis mais expressivos. Ninguém poderia achar que aquele garoto está mentindo!

 O problema com este tipo de filme é que ele já é um sermão encomendado, já se prega para os convertidos. No caso, um menino sofre uma crise grave de apendicite que o leva a ser operado as pressas, então seria um daqueles casos de “quase morte”. Quando ele retorna, aos poucos vai contando para os pais da experiência que teve no céu. Descreve o lugar, a figura de Jesus (o céu é visto apenas em uns poucos detalhes), conta para eles coisas que não tinha como saber e aos poucos vai os assustando, deixando-os com medo de espalhar a história que pode ser mal interpretada. Até porque psicólogos afirmam que pode ter outras origens.  Mas com um garoto daqueles e o cuidado do roteiro em nos fazer conhecer e ser envolver (são vinte e tantos minutos até o incidente grave) com a família, fica difícil pensar em má fé.

Mas é claro que isso vai depender de sua crença. Se não acredita aconselho a nem perder tempo. Porém, se for sua fé, o filme é bem feitinho, coloca prós e contras, não é apelativo. Como sempre tudo é questão de fé.