Só pela sequência inicial já dá para sentir que não é um filme qualquer mas uma direção muito criativa e sensível, que vai nos conduzindo sem corte numa festa de réveillon numa palácio de justiça francês, onde a farra é total. Regada a champanha. Seguimos um balão de gás que sai dali e antes de subir aos céus identifica a heroína, a tal juíza Ariane (Sandrine Kiberlain) que mesmo numa hora dessas está ainda trabalhando. E começa assim a história desta mulher super solitária, super rigorosa, muito sozinha, que é forçada a descer até a festa. Onde toma algumas taças a mais. Só seis meses depois é que ela vai ver o estrago se descobrindo grávida Mas não tem a menor ideia de quem seja o pai. Vai atrás de gravações feitas pela cidade naquela noite e aos poucos descobre sua trajetória. Ela estava com prostitutas quando apareceu um sujeito e os dois tiveram um lance rápido. Sem poder imaginar que esse sujeito é um perigoso criminoso, Bob Nolan, que agora esta sendo procura por assassinato (o papel é feito pelo mesmo Albert Dupontel, que é o diretor e também autor do script original. Vocês o conhecem de filmes como Irreversível e Eterno Amor e este já é seu quinto longa-metragem). Mais que isso é acusado de ter engolido os olhos da vítima (prestem atenção que no noticiário da TV aparece o diretor Terry Gilliam e o ator Jean Dujardin! Certamente amigos ajudando...). Depois que tive a boa surpresa de descobrir que eles foram indicados para o Cesar recente como ator, montagem, filme, direção e ganharam o de atriz e roteiro!
Não que a história não seja altamente previsível (a juíza vai tentar ajudar o pai da criança no processo!), mas os personagens são engraçados (em particular os colegas dela de trabalho). Enquanto Sandrine faz o mínimo possível, provando que não é preciso fazer caretas para ser engraçada. Os que já viram o trabalho do diretor dizem que há cenas do gênero que ele gosta, momentos de gore (sanguinolentos), politicamente incorretos (como o velho na cadeira rolante se cortando todo), voyeurismo, um pouco de romance. E como em outros filmes explora a relação entre pais e filhos, de amor e ódio. Com um resultado que se não chega a ser excepcional, é bem divertido.