Crítica sobre o filme "Enigma Chinês, O":

Rubens Ewald Filho
Enigma Chinês, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/06/2014

Não consigo esconder uma certa decepção diante deste terceiro filme da série feita pelo diretor Kaplisch (que começou com Albergue Espanhol (2002) e prosseguiu com Bonecas Russas (05). Sempre com o mesmo elenco, liderado por Romain Duris, mostra um grupo de amigos de nacionalidades diversas que primeiro se encontrou num Albergue Espanhol e depois na Rússia. Formado por um simpático elenco internacional, o filme foi perdendo o fôlego já que parece normal que os personagens vão envelhecendo, perdendo o ardor de suas paixões, agindo mais moderadamente (apesar das múltiplas relações, inclusive entre mulheres mostradas da maneira que deveria ser justamente natural). Ou seja, eles já estão com trinta e tantos anos com filhos e na hora de tomar jeito e já de ter saudades.  Não sei se de propósito ou não, o autor Klapisch, segundo seus admiradores, adorou o estilo do cinema americano, o toque romântico “feel good”, já que a história desta vez se desenrola em sua maior parte em Nova York (que continua a ser ainda a capital cultural do mundo, onde se cruzam todos os tipos e nacionalidades). 

Duris faz Xavier chegando aos 40 anos e que acha que estragou sua vida. Embora bem sucedido como escritor, é infeliz no amor. Wendy (a interessante inglesa Keilly, de O Vôo, os dois Sherlock Holmes, o novo O Céu é de Verdade) com quem ele tem dois filhos, o largou para viver em Nova York com uma mulher porque se apaixonou! Começa então sua luta para conseguir Greencard, os casamentos arranjados, os trabalhos não oficiais, com o acréscimo de que não é mais garoto! Há um esforço para manter o clima inventivo e leve dos filmes anteriores, sem renegar que é Francês (conversas analisando o passado, discussão sobre a obra de filósofos). E visualmente o filme até que consegue um bom resultado, sempre ajudado pela incrível fotografia de Manhattan e adjacências. E nas situações que não tem a mesma alegria, caindo em situações discutíveis (Cecile de Fance para quem ele doa esperma!) e onde o quebra-cabeça é simplesmente que a vida é complicada para todo mundo, com escolhas sempre erradas. No caso, o retorno de Audrey Tautou, fazendo o mesmo tipo de sempre, ainda que agradável. O filme resulta como o retrato de uma geração atual, mais móvel, misturada, aventureira e nem por isso menos bem sucedida na busca do amor e da verdade nos relacionamentos. Jovens que se conheceram num hostel espanhol, depois se reencontraram com bonecas russas e agora quebram a cabeça em busca de saídas e soluções. A série tem envelhecido com o seu público (mais ou menos com sucedeu com os filmes da série Antes do Amanhecer!). E aí está o segredo de seu sucesso.