Crítica sobre o filme "Vida Comum, Uma":

Rubens Ewald Filho
Vida Comum, Uma Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/06/2014

Premiado como melhor diretor (e outros menores) em Veneza, este filme que chegou a ser finalista na Mostra de São Paulo mas o júri errou deixando de lado esta pequena obra prima delicada, simples e que ficaria melhor com o titulo correto de Natureza Morta (já que o título original se refere a esse tipo de pintura). Não é certamente um candidato a grande sucesso de bilheteria, mas é outra prova da qualidade do trabalho do produtor Conde Pasolini (parente sim de Pier Paolo, que trabalha concebendo projetos como Ou Tudo ou Nada/Full Monty), deixando outros dirigirem ou assumindo diretamente o comando.

Aqui ele deu uma chance para o frequente ator coadjuvante Eddie Marsan que tem um rosto marcante e triste, que é plenamente utilizado como um funcionário britânico de um serviço que identifica pessoas que faleceram sem deixar informações sobre parentes ou lembranças. Não é uma comédia e se deixa longe o humor negro. É um retrato muito simples, muito humano  e nem um pouco sentimental sobre a discreta luta desde homem solitário cuja vida é jogar cinzas em jardins, procurar quase sempre em vão por parentes (que em geral não querem saber) e providenciar cerimônias religiosas. Tudo vai nessa rotina até o dia em que descobre que está sendo despedido depois de 22 anos de trabalho e pede alguns dias mais para ter tempo de encontrar os parentes de um certo  Billy Stoke. O filme ameaça fazer concessões, mas não se engane porque não perde o rumo concluindo com uma imagem extremamente tocante. Uma pequena jóia para ser descoberta.