Estamos numa fase intermediária em que estão sendo lançados os filmes que não entraram na lista das premiações, mesmo que tenham algumas qualidades (como A Mulher Invisível) ou este drama que apesar de seu elenco importante não deu certo. Foi rejeitado pelo público e desprezado pela critica (para orçamento de 22 milhões de dólares rendeu apenas11.300 milhões, sem nada ainda do exterior). O diretor Scott Cooper era ator e dirigiu em 2009 Jeff Bridges no papel que lhe deu um Oscar® (vendo agora em retrospectiva, meio duvidoso) como um cantor country em Coração Louco (Crazy Heart, 09). Outro filme de pouca repercussão aqui pela temática country (ganhou também como canção!).
Trabalhando a partir de roteiro dele e de Brad Ingelsby (este é o primeiro script dele filmado) é daqueles filmes que procuram mostrar a vida e o comportamento da classe trabalhadora americana, quase caipira. A principio me lembrei da serie de TV Justified, que em alguma semelhança, mas é mais emocionante, com mais ação e menos pretensão. Já ouvi pessoas que começaram a reclamar de Christian Bale, sempre com seu tom intenso, sempre se levando a sério demais. O diretor inclusive o conquistou quando cancelou o filme dizendo que sem Bale não o realizaria (Leonardo Di Caprio iria fazer o personagem dirigido por Ridley Scott, no final das contas ambos ficaram apenas como produtores). O ego de Bale foi maior e aqui ele interpreta Russell, que vai fazer justiça com as próprias mãos quando seu irmão mais novo mais fraco e mais briguento desaparece. O papel do irmão foi uma escolha óbvia já que é feito por Casey Affleck, que construiu uma carreira justamente fazendo papeis de irmão mais fraco e briguento em geral de seu próprio irmão na vida real, Ben Affleck. Zoe Saldana de Avatar faz o interesse romântico. Todo o filme foi rodado em locações autênticas (e pobres) da Pensilvânia, nos Apalaches.
O que incomoda no filme é a sensação de já visto, de ser previsível, onde os atores tentam nos convencer que são trabalhadores comuns que trabalham em caldeiras (daí o titulo Fora da Caldeira, alguns críticos acharam que o diretor deveria colocá-lo de novo nem que fosse para chegar ao ponto certo!). E o tema na verdade são lutas não regulamentadas que podem lhe dar dinheiro extra. Casey fica sabendo de uma em Nova Jersey, vai atrás (engraçado que o ator é fraquinho de músculos), Bale vai atrás e Woody Harrelson (isso antes de dar tão certo na série de TV True Detectives) faz o vilão.
Tem mais histórias paralelas (Bale a certa altura é mandado para a prisão, depois Willem Dafoe que é dono de bar também organiza outras lutas) e tem ainda o pai dos rapazes que está morrendo (feito pelo dramaturgo Shepard). Nada parece fora de lugar, a ambientação, a fotografia, os figurinos, mesmo a interpretação faz um esforço para ser autêntica e convincente (ainda que abuse de closes e planos fechados). Uma pena porém que, no todo, o filme não motive nem interesse. Poucos vão querer vê-lo.