Crítica sobre o filme "Rio 2":

Rubens Ewald Filho
Rio 2 Por Rubens Ewald Filho
| Data: 31/03/2014

Estreando no Brasil semanas antes dos Estados Unidos (abre lá 11 de abril) e em super circuito, o novo filme de Carlos Saldanha chega com o crédito e boa vontade de quem gostou do primeiro filme, uma declaração de amor feérica e simpática da cidade do Rio de Janeiro, que teve orçamento de 90 milhões, rendeu 143 milhões de dólares nos EUA mas 341 no resto do mundo, um número bastante expressivo!  Indicado ao Oscar® de canção, aliás devia ter ganhado o prêmio, até porque eram apenas 3 os indicados e a canção dos Muppets que foi vencedora era muito fraca e já foi esquecida.

Enfim, o valor promocional do filme para o Brasil não tem preço, assim como a decisão de fazer uma continuação.  E aí que começam os problemas. O titulo é obviamente errado, começa no Rio numa noite de réveillon quando parece que a população inteira da cidade e imediações esta preocupada em sambar ou coisa que o valha. Mas o visual continua tropical e belíssimo, que nos enche de euforia. Mas começam os problemas, o maior deles é que Bye, Bye Rio, dali a poucos vamos para a Amazônia onde supostamente foram encontradas mais ararinhas. Os heróis Blu e Jewell, que já tem três filhos, ficam sabendo disso resolvem viajar para lá! E começam as besteiras: eles voam então 3.500 quilômetros, ou coisa que o valha. Em vez de inventar uma história de colocar eles de clandestinos em algum voo, temos que acreditar que voaram por conta própria ate lá!

E quando chegam imediatamente temos uma sequência de cachoeira e corredeiras, quando todo mundo sabe que elas não existem ao menos na Amazônia Brasileira. Que alias é muito mal mostrada, o rio majestoso virou um riacho (não tem pororoca, rio cinzento, não há vestígio do tempo quente, da chuva constante. Em compensação tem tamanduá, os golfinhos cor de rosa passam rapidamente, tem tanto jacaré quanto no Pantanal e assim por diante). Atrapalhado por um roteiro ruim, sem graça, e fica dando voltas atrás do próprio rabo, se perde com vilões fracos (Nigel, velho o cacatua não tem qualquer graça ainda mais quando canta sem mais nem menos, o hino gay I Will Survive!).

Aliás, falando da música, o que já era problema no primeiro filme  se agrava neste aqui  chegando ao ponto de nos fazer lembrar dos antigos filmes de Carmen Miranda, que não tinham qualquer respeito pelos costumes e verdades brasileiras. Tudo fica diluído, não tem o samba de verdade, fica misturado com rap e nem funk consegue fazer.

A decepção não seria tão forte caso o script fosse mais interessante e divertido. Mas tudo vira clichê de animação de selva. Meio Tarzan. O que não consigo entender é porque mostrar uma Amazônia quando se falta a verdade?  Fica genérica, ate mesmo numa sequência de jogo de futebol com as araras que na verdade fica parecendo mais aquele jogo aéreo do Harry Potter , o quadribol.    

Francamente podia ter feito uma pesquisa melhor, mais responsável.