Não consigo entender como dão títulos tão pouco atraentes a filmes nacionais. Como foi o caso daquele bom filme “Hoje” (“Hoje esta passando Hoje”, imagina o anúncio! Não dá certo né?). A mesma coisa aqui. O carioca tem a tendência de achar que é o centro do mundo porque o Rio é a capital do Império, mas nem todo mundo sabe o que é o Alemão, não a pessoa, nem a nacionalidade, mas o complexo da região da favela carioca que foi “dita” pacificada há algum tempo atrás.
Não é baseado em fato real, mas uma história imaginada naqueles momentos vésperas da provável invasão da polícia no que poderia vir a ser a queda do traficante que domina o local (chamado de Playboy, papel feito por Cauã Reymond, que deve ter aceitado a participação por causa da fala final, que é poética digna de filmes de faroeste de John Ford!). Mas tudo sucede por obra do acaso. Um mensageiro de moto foge para não cair nas mãos do tráfico e deixa caída uma pasta onde estão as fichas dos policiais que se infiltraram no morro para descobrir a geografia do lugar. De repente todos eles são vulneráveis e estão sendo caçados e devem ser mortos (um deles para complicar é apaixonado por uma jovem, irmã do tenente do Playboy). E todos os policiais vão se encontrar numa pizzaria que até então não provocava suspeitas (o dono é Otavio Muller). Tem o bom moço Caio Blat, o bonitão Gabriel Nunes ( que tem o personagem menos desenvolvido), o violento e pouco inteligente Milhem Cortaz. Enquanto na cidade Antonio Fagundes faz o chefe da polícia, entre duas cruzes, tenta salvar os colegas (há uma surpresa também que só será revelada quase ao final) enquanto o governador (apoiado até pelo Lula que se ouve em off) está se encaminhando para a tomada da região.
Toda a história é contada com muito suspense, humanizando os policiais (o que costume incomodar nossos críticos), sem, porém, fazer a denuncia dos políticos com a mesma franqueza usada em Tropa de Elite (o que acaba sendo o ponto fraco do filme já que o público esta mal acostumado). Também não sei a Imprensa ira embarcar na historia dramática e triste, mas me envolvi com a história, com os atores (o elenco esta muito bem mas eu gostei particularmente de Caio Blat, que está na medida certa) e na situação “beco sem saída”. Claro que é mais um filme de favela, mas desta vez usando um artifício que é uma situação de filme de guerra ou de suspense só que fazendo isso suceder num outro momento, que é real. É surpreendente o trabalho do diretor Belmonte (ainda mais vindo de outro filme que é melhor esquecer, Billi Pig). Demonstra sua constante e crescente evolução.