Como co-autor de dois livros sobre culinária e cinema, tenho me habituado a acompanhar e avaliar os filmes sobre esse tema, os chamados food filmes, que tem feito muito sucesso especialmente na Europa. Dessa safra e modismo, justamente este aqui é dos meus favoritos. Uma comédia divertida e saborosa, dirigida por Vincent (que é o mesmo de A Separação, Quatro Estrelas) e que deu indicação de melhor atriz no César para a veterana e simpática Catherine Frot.
O mais interessante é que inspirado em fato real. Inspirado livremente no livro Mês Carnets de Cuisine, Du Périgord à L Élysée, as memórias de Danièle Delpeuch, a primeira e única mulher que trabalhou como chefe de cozinha no Palacio do Elysée para o presidente da Republica (no caso Miterrand, e que faz o papel aqui é um escritor famoso chamado Jean D´Ormesson aos 86 anos).
A idéia central tem um pouco a ver com o critico de cozinha de Ratatouille. Quando as pessoas ficam mais velhas tem a tendência de buscar as origens, os sabores e odores que conheceu quando criança, reencontrar a comida de sua infância. Muita vezes no interior. É essa a proposta do novo presidente francês que manda buscar a chef e a instiga a reencontrar justamente essas raridades, que ainda existem em lugares esquecidos da França. O filme é basicamente um tratamento bem humorado das dificuldades dessa mulher ao enfrentar a burocracia e a rígida estrutura que não a deixa ter liberdade de trabalhar. Entre alguns aliados e vários inimigos, ela forja uma parceria com o presidente, que a permite alguns lances curiosos e interessantes na cozinha presidencial.
Todo o filme é portanto repleto de citações e referencias de dar água na boca. Embora cite personagens reais, pretende ser apenas uma diversão e uma oportunidade de celebrar o melhor da cozinha francesa. Quem curte o tema deve assistir.