Crítica sobre o filme "Obsessão":

Rubens Ewald Filho
Obsessão Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/10/2013
Neste momento o diretor negro Lee Daniels tem causado muita polemica por causa do sucesso de seu novo trabalho, O Mordomo que já passou os 100 milhões de dólares de renda e parece forte candidato ao Oscar deste ano (é a historia real de um mordomo que acompanhou durante anos a vida na Casa Branca). Como devem se lembrar Lee, foi produtor de O Lenhador e A Última Ceia e depois se consagrou como o realizador do belíssimo, trágico e tremendo Preciosa uma Historia de Esperança (Precious, 09).
Este Obsessão não fez muito sucesso porque como se sabe americano é puritano e tem medo de qualquer coisa que fala em sexo de alguma maneira mais explícita. Apesar de ter concorrido em Cannes, apenas Nicole Kidman foi indicada ao Sag e Globo de Ouro (não o Oscar) como atriz coadjuvante por sua interpretação forte e marcante. E sem duvida, arrepiante... O filme foi porém fundamental na transformação do ator Matthew McConaughey  em astro e principalmente como ator, agora reconhecido como dos melhores (ele tem 3 filhos com a brasileira Camila Alves e desde 2012 estão casados legalmente). Embora tenha ficado quase totalmente pelado naquela besteira que foi Magic Mike de Soderbergh, Matthew acabou aprendendo seu métier e virou um intérprete convincente quando faz personagens de vilão ou mau caráter. Foi assim em Killer Joe Matador de Aluguel de William Friedkin (onde está assustador), em Amor Bandido (Mud, que falta estrear onde faz fugitivo da lei). E já se fala em prêmios para o novo filme Dallas Buyers Club, onde faz um homofóbico que se torna vitima de Aids.
Neste Obsessão ele faz um personagem que foi inspirado em livro de Peter Dexter, que normalmente é mais conhecido como roteirista de filmes mais comerciais, como Wild Bill, O Preço da Traição (Mullholand Falls). Em 1969, Matthew  é um repórter conhecido do jornal de Miami que retorna para sua cidadezinha natal  com o amigo Yardley (David) para investigar um caso de assassinato por motivos raciais.  Ele acha que o homem que foi condenado no julgamento não é o culpado pela morte do xerife.  O irmão mais novo Jack (Zac Efron) tambem está lá de volta da universidade e ajuda no caso como motorista deles. Mas na história também entra a noiva do prisioneiro condenado (Nicole em papel que foi antes de Sofia Vergara), por quem o rapaz se apaixona.
O critico Roger Ebert antes de morrer chegou a fazer a crítica onde enfatizou que o filme é trash, não no sentido de terror. Mas que não tem qualquer pretensão a grande arte, é meio baixaria mesmo com elementos de novela popular (o quente e úmido Sul dos EUA, o homem errado no Corredor da Morte, o inocente se escondendo num pântano com a família, um xerife morto, uma mulher meio vagabunda e o jovem inocente que adora tanto a loira que não presta quanto crocodilos! Ou seja, trash seria um filme que abaixo e além do mau gosto. Curiosamente Mattthew não faz desta vez o criminoso papel que coube para o normalmente bem querido John Cusack, que está tentando dar uma mudança em sua carreira. Ele faz Hilary, mal como cobra, sem qualquer escrúpulo e que está noivo de uma loira Charlotte que nunca encontrou pessoalmente, mas eles se correspondem e estão noivos para se casar. Talvez seja masoquismo, mas de qualquer forma quando os dois se encontram, mesmo estando distantes, conseguem chegar a um orgasmo mútuo (essa é a cena que eu disse que valia a pena assistir pela ousadia). A verdade é que Charlotte (Nicole) é indomável e se diverte em seduzir o garoto Zac, campeão de natação agora ajudando o pai dele a manter um jornalzinho local. E sempre fazendo muito, muito calor. Para refrescar, ele se joga no mar sem perceber que ele esta cheio de águas vivas. E temos novamente outra cena que vai virar clássica: quando descobrem que urina pode parar a dor, Nicole Charlotte vai justamente salvar ele dessa forma! Outra cena fora do comum! 
 
Outro detalhe que eu já esquecia. A historia é contada em flash back pela cozinheira e empregada da família (a cantora Macy Gray). Não sei bem dizer se é um grande filme, talvez não, inclusive porque como sempre Zac não tem peso para segurar personagens mais complexos. Mas com certeza não vou esquecer de alguns momentos.