Na lista de piores títulos de todos os tempos, eu reservo lugar de honra para este aqui, que mais parece uma legenda. Para começar ninguém sabe hoje em dia quem é Walt (Disney sim, mas não Walt, e também não esta no ar mais Disneylandia na TV, que na minha infância tinha incrível poder de promoção). Depois “bastidores” faz pensar em Making of (ou seja, uma coisa banal hoje) e Mary Poppins remete a um filme musical infantil (que no Brasil não é todo mundo que gosta).
Sem dúvida, de todos os chefes de estúdio da historia de Hollywood, o único que se tornou uma lenda foi Walt Disney, que conseguiu construir um império de entretenimento com o desenvolvimento de seus personagens de desenho animado e o sonho dos parques de diversão. Apesar de ter falecido em 1966, sua lenda continua e ganha um filme produzido pelo próprio estúdio que criou, relembrando como ele conseguiu realizar um sonho, transpor para o cinema como musical, o livro infantil Mary Poppins. O problema: a autora a má humorada inglesa P.L. Travers não queria vender de jeito nenhum os direitos autorais. Esses fatos são retratados com Tom Hanks, como Walt Disney e Emma Thompson como a escritora, num papel que lhe deu o Globo de Ouro de melhor comediante. O filme que foi indicado ao Oscar® de trilha musical (um simpático trabalho de Thomas Newman) foi rejeitado entre outras coisas, pela ma reputação atual de Disney (saíram muitos livros o acusando de racista e politicamente reacionário, e parece que é verdade mesmo).
O estúdio chamou Hanks para fazer Disney se esquecendo que eles não são nada parecidos, nem mesmo de bigode. E se preocuparam em fazer grande campanha para Hanks ser indicado como coadjuvante. Foi um lobby tão exagerado que acho que acabou prejudicando a indicação por Capitão Phillips.
Realizado por um diretor medíocre de confiança do estúdio, John Lee Hancock (Branca de Neve e o Caçador, O Álamo, Um Sonho Possível) o filme deixa outros detalhes de lado: por exemplo, o fato de que a autora P.L. Travers era lésbica, preferindo apresentar longos flash-backs dela criança na Austrália onde tem problemas com o pai alcoólatra e irresponsável (pouco feito para Colin Farrell). Sempre bonitinho, o filme tem o ponto forte na presença de Emma Thompson, que está engraçada na medida certa (não cai em caricatura) e são bem curiosas as brigas dela principalmente com os Irmãos Sherman, com quem ela tem os principais entreveros (outro problema é que Disney pouco convive com ela assim como a transformação final dela, rápida demais e nada convincente). Ainda assim não consigo imaginar quem vá se interessar por um filme destes, a não ser fãs e estudiosos de cinema. Custou 35 milhões de dólares, rendeu 81 nos EUA, 16 no exterior.