Crítica sobre o filme "Vidas ao Vento":

Rubens Ewald Filho
Vidas ao Vento Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/02/2014

Segundo o autor confessou, este será o último filme do mestre da animação no Japão, o lendário Hayao Miyazaki (nascido em 1941), que já levou o Oscar® por A Viagem de Chihiro. Prova do incrível respeito que se tem por ele no Ocidente, que inicialmente provocou certa polêmica porque ele fez uma homenagem a um ídolo, o inventor japonês Jiro Horikoshi, que desenhou os aviões de guerra durante a Segunda guerra Mundial, inclusive o famoso Zero que foi usado nos ataques aos aliados. Não é portanto à toa que certos americanos tenham ficado sentidos em mexerem neste tema.

Mas quem viu a obra de Miyazaki (Ponyo, Uma Amizade Que Veio do Mar, Princesa Monokone, O Castelo Animado, O Castelo no Céu) não consegue não ficar encantado, com o traço delicado, poético, até mesmo romântico.  A versão americana foi dublada por Elija Wood, Joseph Gordon Levitt, Emily Blunt, Jennifer Grey, Stanley Tucci, Mandy Patinkin, Martin Short, o diretor Werner Herzog e até o polêmico Ronan Farrow, o tal que seria filho de Sinatra!

Mostra o jovem Jiro sonhando em voar e desenhando aviões influenciado pelo famoso italiano Caproni. Mas ele é míope e não pode ser piloto. Vai trabalhar numa companhia de engenharia em 1927, fazendo um trabalho inovador. O roteiro acompanha sua vida, passando o terremoto de 23, a Depressão, a epidemia de tuberculosa, e o Japão entrando na Guerra. Jiro se apaixona por Nahoko  e mantém sua amizade com o colega Honjo.

Numa primeira visão não senti nada de imperialista, percebi algumas inovações (como o uso de vozes humanas para registrar certos ruídos), mas só depois fiquei sabendo o protagonista é uma ficção que mistura os verdadeiros Tatsuo Hori, autor do conto que deu origem ao filme e Jiro Horikoshi, esse sim o inventor dos aviões. O titulo original vem da tradução de um poema do francês Paul Valéry, chamado O Cemitério Marinho. Exibido no Festival de Veneza, foi grande sucesso de bilheteria no Japão (mais de 80 milhões de dólares). Aviões são belos sonhos diz uma frase do filme, o que sintetiza o projeto. Atenção para a trilha musical que saúda as de Fellini e Nino Rota.

A animação conta a vida do designer de aviões Jiro Horikoshi e os principais acontecimentos históricos que afetaram sua trajetória. O jovem Jiro sonha em voar e desenhar lindos aviões, inspirado pelo designer aeronáutico italiano Caproni. Não podendo tornar-se piloto por ter miopia desde a infância, Jiro entra na divisão de aviões de uma grande empresa de engenharia japonesa em 1927. Ele conhece e se apaixona por Nanoko, disfruta de sua amizade com o colega Honjo e traz grandes inovações para o mundo da aviação.