Crítica sobre o filme "Philomena":

Rubens Ewald Filho
Philomena Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/02/2014

Este é o filme da Weinstein deste ano no Oscar® e para mim uma das melhores surpresas da temporada. Embora já credenciado pela presença do excelente diretor Stephen Frears (Ligações Perigosas. Aliás, quando vão finalmente lhe dar um Oscar® e reconhecer seu talento?) , o filme dava uma impressão enganosa de ser uma historia romântica, sentimental e piegas. Nada mais longe disso (embora nem por isso deixe de ser comovente). E por incrível que pareça é mais um dos indicados deste ano que também é inspirado num fato real. (dos 9 finalistas a melhor filme apenas 3 são fictícios, Gravidade, que provavelmente deve ganhar como diretor e efeitos especiais, Ela meu favorito para melhor roteiro original e ainda Nebraska, que é um roteiro original portanto deve ter sido influenciado pelos fatos reais que mostra).

Também é uma pena (relativa, claro) que Cate Blanchett esteja tão magnífica em Blue Jasmine porque Judi Dench, aos quase 79 anos, está num de seus melhores momentos e papeis. Difícil porque ela interpreta uma pessoa doce e não vingativa por natureza, que não duvida de suas convicções religiosas embora tudo pareça levá-la a isso. Ou seja, e uma figura muito complexa na sua simplicidade e grandeza de alma. Não sei quem foi o responsável pela ideia de chamar o humorista Steve Coogan para co-escrever o roteiro e ser co-produtor, mas o fato é que seu humor sarcástico quebra tudo que o filme poderia ter lacrimoso ou novelesco. Lhe dá um necessário humor e distanciamento.

Steve faz um apresentador da televisão britânica bastante famoso, mas que está enfrentando uma fase difícil na profissão porque perdeu seu programa na TV e esta fora do ar, desacreditado. Com muita relutância, aceita a missão de acompanhar uma modesta senhora da classe trabalhadora  que tem um sonho de reencontrar o filho que foi lhe tirado das mãos por freiras. Naquela época as meninas que não tinham família e por acaso engravidavam tinham que se tornarem virtuais prisioneiras, trabalhando para o convento enquanto as crianças eram negociadas para adoção, em geral por gente que veio da America (a atriz Jane Russell foi uma dessas clientes).  Foi o caso do menino dela que foi levado embora e desde então, embora tivesse se casado e tido uma filha, nunca conseguiu esquecê-lo e seu sonho é um dia ao menos encontrá-lo.

O repórter e a mãe começam então uma peregrinação (ele tem o direito de publicar o resultado e conseguiu o apoio de um jornal) que os irá levar ate os Estados Unidos, mais precisamente Washington onde lhes aguardam varias surpresas. Não posso revelar qual e peça às pessoas que façam o mesmo, porque tudo isso na conclusão é que torna o filme uma forte e dura denuncia contra fatos que raramente o cinema tem coragem de abordar. Com medo de ofender e ser censurado.  Mas é justamente o que diferencia o filme, dando-lhe um impacto fora do comum. Alguns flash-backs foram criados para o filme, mas outros são verdadeiros, do próprio filho. Indicado para 4 Oscars® (Judi, filme, roteiro e trilha musical), também levou em Veneza o prêmio de roteiro, e mais 8 prêmios paralelos para Frears!), indicado para 3 Globos de Ouro, 4 Baftas (ainda não entregues) e vários outros.

Não deixe de ver.