GUERRA MUNDIAL Z é o mais recente título da onda de zumbis que invade o cinema e a TV, porém trazendo algumas peculiaridades que o diferenciam. Para começar, é um blockbuster que teve um custo final estimado em inflados Us$ 200 milhões, produzido e estrelado pelo superastro Brad Pitt. Como se isso não bastasse, ele evita a maior parte das “podreiras” que normalmente caracterizam o gênero, colocando-se em um patamar mais próximo ao dos thrillers, filmes-catástrofe e de ação.
O roteiro, escrito por J. Michael Straczynski (criador da série sci-fi BABYLON 5) e Matthew Michael Carnahan, é (vagamente) baseado no livro homônimo de Max Brooks, batizado no Brasil como Guia de Sobrevivência a Zumbis, e acompanha as viagens do personagem de Pitt ao redor do mundo em sua busca desesperada pela origem e a cura da epidemia que está transformando os seres humanos em mortos-vivos “turbinados” (além de velozes, eles agem como um coletivo de insetos). A direção ficou a cargo do alemão Marc Forster (007 – QUANTUM OF SOLACE), que durante as filmagens se desentendeu com o astro / produtor. A crise, alimentada por problemas nas locações e o estouro do orçamento, provocou mudanças na equipe, como a substituição do diretor de fotografia Robert Richardson por Ben Seresin, e culminou com o afastamento de Forster da pós-produção. Nela, Brad Pitt alterou radicalmente a montagem final, o que levou, entre outras coisas, à quase eliminação do personagem de Matthew Fox (LOST), que em suas poucas aparições pouco ou nada fala.
Além disso, para evitar um estouro ainda maior do orçamento, Pitt decidiu mudar todo o terceiro ato do filme, e convocou os roteiristas Damon Lindelof e Drew Goddard para escrever o novo final passado no laboratório de pesquisas da OMS – W.H.O. em inglês – no País de Gales (atenção fãs da série britânica DOCTOR WHO: além da coincidência do nome da instalação e o fato de ela situar-se em Cardiff, onde a série é filmada, um dos personagens que lá vemos é interpretado por Peter Capaldi, recentemente escalado para ser o novo Doutor). Graças à troca de um final em larga escala na Rússia, similar à trepidante sequência do ataque em Israel, é em seu epílogo, ambientado em um espaço confinado, que GUERRA MUNDIAL Z mais se aproxima de um filme de zumbis tradicional, onde a ação e o espetáculo cedem lugar ao terror e ao suspense. Surpreendentemente, em uma completa reversão de expectativas, tendo em vista todos os contratempos que afetaram a produção, e em que pese terem permanecido alguns problemas narrativos, o filme tornou-se um sucesso que abriu espaço para que a Paramount aprovasse a realização de uma trilogia.