Crítica sobre o Blu-ray "Warner - 292 Min." do filme "Mad Max: Coleção":

Jorge Saldanha
Mad Max: Coleção Por Jorge Saldanha
| Data: 13/08/2013

No Brasil a trilogia MAD MAX, até agora, estava disponível apenas em DVD, sendo que apenas o primeiro filme possuía uma edição aceitável. Já nos EUA e Europa, os dois primeiros filmes já haviam sido lançados individualmente em Blu-ray, com boa qualidade técnica. Este ano foi lançado por lá umbox com a trilogia completa em alta definição, e felizmente essa foi a deixa para que também recebêssemos a nossa edição. Ela, contudo, é a que possui apresentação mais pobre: no lugar da “marmita” estadunidense ou da “lata de gasolina” europeia, recebemos apenas um estojo Amaray com bandeja central para dois discos, envolto em uma luva metalizada O-Ring. As qualidades técnicas dos três discos, no entanto, praticamente se equivalem, sendo que a nossa trilogia é espelho da europeia, que tem opções de legendas e dublagens em PT-BR em todos os filmes.

Os três longas receberam transferências anamórficas 1080p/AVC MPEG-4, mantendo a proporção de tela original de 2.40:1, e até onde percebi, livres de qualquer artefato digital. Pelos comentários que li, atransfer de MAD MAX é a mesma empregada no BD individual lançado nos EUA pela MGM, e das três é a que mais reflete as limitações originais da fonte. Foi o primeiro longa australiano rodado com câmaras anamórficas, e pelo que consta o estoque de filme empregado não era dos melhores. Com granulação presente mas não-intrusiva, o nível de detalhes é muito bom, ainda que por vezes pareça ter sido suavizado por DNR. O contraste é bom e os pretos são fortes, trazendo bom detalhamento de sombras. As cores, por outro lado, muitas vezes parecem desbotadas, e alguns danos de película (inclusive algumas manchas levemente amareladas) eventualmente são perceptíveis. Apesar de não serem fatores de distração, comprovam que uma restauração completa, ou pelo menos uma nova remasterização, seria recomendável.

Já MAD MAX 2 recebeu uma nova transferência que, comparada com a do BD anterior europeu, que eu possuía, mostra vantagens. Também com granulação natural, porém com bem menos danos de película e ausência de filtros digitais, a imagem é quase o tempo todo ricamente detalhada, com um contraste vívido, pretos fortes e estáveis e cores perfeitamente saturadas. Por fim MAD MAX 3, até por ser o título mais novo da trilogia, é o que apresenta a apresentação visual mais satisfatória. Danos de película são praticamente imperceptíveis, os pretos são sólidos, e as cores são perfeitamente reproduzidas. Os níveis de detalhes são elevados e a imagem é clara, ostentando um ótimo contraste. No entanto, dos três filmes foi o que mais me pareceu granulado, o que poderá incomodar aos adeptos das imagens digitais “lisas”. Adicionalmente, em algumas cenas noturnas, há certa perda de resolução, mas felizmente são momentos esparsos e fugazes.

No que se refere ao som, MAD MAX sem dúvida é o mais controverso. Quando do seu lançamento cinematográfico no mercado norte-americano, o áudio original do filme foi dublado por outros atores para eliminar o sotaque australiano e, se não me falha a memória, assim foi exibido nos cinemas brasileiros. Tanto no DVD como no BD foram incluídas as duas faixas em inglês, australiana e dublagem norte-americana, sendo que em nossa edição, assim como na europeia, esta última foi mixada em DTS-HD Master Audio 5.1. Curiosamente nos EUA ocorreu o contrário, com o inglês original australiano ganhando áudio lossless (que seria a melhor opção também para nós). Em nosso BD, a faixa DTS-HD MA é mais encorpada, com efeitos direcionais um pouco mais perceptíveis. No entanto, ambas são basicamente faixas mono remixadas em estéreo, com o palco sonoro predominantemente nas caixas frontais e graves de presença discreta. Agora, algo que me intriga: a informação oficial é que Mel Gibson também foi dublado na faixa norte-americana, porém alternando entre as duas posso jurar que é a voz dele que ouço em ambas. Acentua o mistério o fato que, até hoje, não se sabe o nome do ator que teria dublado Gibson.

As faixas lossless em inglês dos outros dois filmes, que não foram dublados nos EUA, são mais dinâmicas, ainda que permaneçam presentes na maior parte do tempo nos canais dianteiros. Em MAD MAX 2 a memorável trilha musical ganha corpo, presença e fidelidade. Especialmente em MAD MAX 3 o som é mais limpo, claro, onde detalhes de sons são mais perceptíveis. Em ambas os graves são bons, ainda que longe do padrão das explosivas mixagens de ação contemporâneas. Além das opções em inglês, os três filmes possuem várias opções de áudio e legendas, que incluem o nosso português (no caso das dublagens elas são as originais da TV, em Dolby Digital 1.0). Os menus principais (estáticos) e pop up estão apenas em inglês.