Crítica sobre o filme "Hobbit, O - Uma Jornada Inesperada":

Jorge Saldanha
Hobbit, O - Uma Jornada Inesperada Por Jorge Saldanha
| Data: 16/12/2012

Desde os primeiros segundos de projeção, os fãs da Terra Média sentir-se-ão em casa. Embalado pela habitual e magnífica trilha sonora de Howard Shore, o prólogo do filme nos leva de volta ao Condado e ao velho Bilbo (Ian Holm) e seu sobrinho Frodo (Elijah Wood), nos momentos que antecederão ao início de O SENHOR DOS ANÉIS - A SOCIEDADE DO ANEL (2001). Mas não demorará muito para que Bilbo comece a contar como, 60 anos antes (já na pele do ótimo Martin Freeman), conheceu o mago Gandalf (Ian McKellen) e iniciou a jornada que o levou ao Anel do Poder e à Montanha Solitária, onde se viu face a face com o temível dragão Smaug (mas isso você verá apenas no próximo filme, A DESOLAÇÃO DE SMAUG).

Este primeiro filme da trilogia O HOBBIT, na minha opinião, andou recebendo umas críticas descabidas, como a de ter um início excessivamente longo. Estruturalmente ele é muito similar a A SOCIEDADE DO ANEL, portanto teria que dedicar um bom espaço de tempo à apresentação dos novos personagens (especialmente a divertida trupe de anões, liderados pelo nobre Thorin Escudo de Carvalho, em grande interpretação de Richard Armitage), e ao estabelecimento da trama principal. Certamente a decisão de estender os originalmente planejados dois filmes para uma nova trilogia teve seus reflexos no ritmo da história - por exemplo, por melhores que sejam as cenas de Valfenda, onde o fã reencontrará personagens memoráveis como Elrond (Hugo Weaving), Galadriel (Cate Blanchett) e Saruman (Christopher Lee), elas claramente não são essenciais ao enredo.

Mas as coisas poderiam ser muito piores, caso o projeto estivesse nas mão de pessoas menos competentes ou que não gostassem tanto do material de que dispunham. Se o desafio na trilogia do Anel era condensar três extensos livros em apenas três filmes, aqui ele foi o inverso: fazer com que um livro pequeno (para os padrões de Tolkien) rendesse três filmes com, na média, três horas de duração. O roteiro, escrito a quatro pares de mãos por Jackson, Philippa Boyens, Guillermo Del Toro e Fran Walsh, espertamente agrega elementos e personagens que originalmente não estavam no livro, mas constavam dos apêndices que Tolkien escreveu para O RETORNO DO REI. Eles foram competentemente desenvolvidos para criar tramas paralelas que conseguem encorpar o argumento, e certamente possibilitarão que os próximos filmes se sustentem.

Visualmente o filme é deslumbrante, agregando os avanços tecnológicos advindos desde O RETORNO DO REI. Agora praticamente todos os Orcs, Goblins e criaturas da Terra Média são feitos em CGI hiper-realista, realçado pela nova tecnologia dos 48 quadros por segundo (aqui, outra polêmica descabida de quem não gostou da novidade, já que o filme está sendo exibido na maior parte dos cinemas nos tradicionais 24 quadros). Se ela dá ao filme um visual meio digitalizado, por outro realça a fluidez, o brilho, a nitidez da imagem e os próprios efeitos 3D, criando uma experiência imersiva como nunca vivenciara em uma sala de exibições.

Bem, só sei que ao final, enquanto a trupe de Bilbo e Thorin contemplavam, à distância, a Montanha Solitária, meu único desejo era que se passe logo um ano, para que possa retornar a essa aventura que, se tem alguns problemas, é acima de tudo extremamente divertida, humana e mágica.