Bergman tinha 74 anos quando fez este seu último grande filme. Nunca disse que ia se aposentar de vez, mas que continuaria a dirigir teatro (sua primeira paixão) escrevendo (vários roteiros autobiográficos filmados por outros) e mesmo dirigindo ocasionalmente (mais recentemente em vídeo). Mas sempre em trabalhos que ele classifica de menores, quase exercícios de estilo.
Mas Fanny e Alexander foi concebido como um testamento, uma súmula de toda sua obra (falando de infância, família, religião, teatro), feita em duas versões (uma mais longa para a tevê local). Ganhou Oscar de melhor fotografia, filme estrangeiro, direção de arte e figurinos, foi indicada ainda como direção e roteiro.
Mais tarde, Bergman ganharia um Oscar especial da Academia por sua carreira. Estranhamente é uma fita mais leve e otimista do que anteriores, como se tivesse feito as pazes com o mundo. Tudo mascarado numa história novelesca como se fosse um livro de Charles Dickens.
Não é um filme fácil nem de analisar, nem de resumir. É um compêndio de diversos temas que abordou em sua obra, de suas neuroses, alternando cenas de alegria, exuberância, dor, tormento, sempre mostrados pelo ponto de vista de um garoto de dez anos, Alexandre e uma menina, Fanny, de oito.
São obsessões, ódios, erros e arrependimentos, hipocrisia que marcam a vida deles. No elenco, ele se reencontra com velhos amigos de outras fitas (Harriet Anderson, Erland Josephson, Gunnar Bjorstrand) e se dá ao luxo de lançar nova estrela (Lena Olin, que faz uma empregada e casada com Lasse Hallström faz carreira em Hollywood).