Crítica sobre o Blu-ray "Edição de Colecionador" do filme "Tubarão":

Jorge Saldanha
Tubarão Por Jorge Saldanha
| Data: 10/11/2012

Lançado dentro da série comemorativa aos 100 anos da Universal Studios, o Blu-ray de TUBARÃO chega ao Brasil em uma edição que nada fica a dever, em termos de qualidade técnica e conteúdo, em relação à norte-americana – e com a vantagem da nossa ter a opção de áudio e legendas em português. São dois discos – um BD50 com o filme e os extras, e um DVD com a (dispensável) cópia digital - acondicionados em um HD Case envolto por uma bonita luva plastificada, mais larga para acondicionar o estojo plástico e o livreto comemorativo que acompanha a edição. Esta edição também ganhará uma versão com lata (chamada por aqui de “lancheira”), e aliás a Paramount, que passou a distribuir os títulos em DVD e Blu-ray da Universal no Brasil, está de parabéns por ter dispensado à apresentação do produto um capricho que, por aqui, nem a própria Universal tinha mais com seus lançamentos. 

Quando do carregamento do BD, após a seleção do idioma, é reproduzido um vídeo com os lançamentos em Blu-ray celebrando o centenário do estúdio; depois, somos levados a um menu animado no conhecido padrão da Universal (antecedido por um trecho da cena do “banho noturno”), permanecendo ao fundo uma vista calma da boia no oceano. Aqui, uma das poucas queixas que tenho: a insistência da Universal em substituir os textos das funções principais do menu por ícones. Mas iniciada a reprodução do filme, isso rapidamente é esquecido. TUBARÃO foi um dos 13 filmes escolhidos pela Universal, em seu centenário, para ser totalmente restaurado e remasterizado digitalmente a partir dos elementos originais em 35MM. Entre os extras, há um featurette que mostra os cuidadosos processos empregados para limpar (na verdade, lavar com um líquido especial) os negativos originais, que não estavam bem conservados, e sua posterior transferência digital, com vista à eliminação quadro-a-quadro de sujeiras, riscos e à correção de cores e do nível de preto. 

A qualidade final, que podemos conferir nesta magnífica transferência AVC MPEG-4 1080p, na proporção de tela 2.35:1, impressiona. Temos uma imagem cristalina, livre de quaisquer danos de película e artefatos digitais, e sem o emprego de DNR (Digital Noise Reduction) capaz de prejudicar o nível de detalhes. Assim, o que vemos é quase sempre muito nítido (com poucos elementos levemente desfocados devido às lentes das câmeras Panavision), ostentando uma camada de granulação natural. Fora o excelente detalhamento (especialmente nos close-ups), o nível de preto é perfeito, a paleta de cores é viva e firme e os tons de pele são acurados. Todo o processo de restauração e remasterização, feito na Universal Studios Digital Services, foi acompanhado pelo diretor Steven Spielberg e sua equipe, a fim de garantir que o Blu-ray apresentasse o filme na forma mais fiel à visão original do cineasta. 

No que se refere ao som, deve ser referido o fato de que TUBARÃO, como a maior parte do filmes do período, foi lançado com áudio monaural, e dentre as opções do Blu-ray temos uma faixa DTS 2.0 mono que, apesar de identificada como a mixagem do cinema, não é: trata-se, na verdade, de um “upmix” da mixagem original. O que para mim tanto faz, já que considero impensável assistir ao filme sem a nova faixa sem perdas DTS-HD Master Audio 7.1, que sem dúvida é o destaque desta edição. Excelente para um filme com quase 40 anos, desde os primeiros e sutis acordes da trilha sonora de John Williams já percebemos a presença envolvente da música, e mais adiante tomamos consciência dos graves fortes e da presença dinâmica dos canais surround. Os efeitos sonoros por eles reproduzidos são por vezes intensos, em outros momentos, sutis, mas sempre naturais, como se a mixagem original tivesse sido concebida de forma multicanal. 

O que já era bom em um canal ficou ainda melhor em 7.1 canais, com os efeitos e a música de Williams, que nunca soou melhor, construindo o suspense de forma imersiva e com elevada fidelidade. Os diálogos são emitidos de forma clara pelo canal central, e nunca são obstruídos por outros sons, tornando dispensável qualquer ajuste individual de volume. Caso você, purista, tenha reservas em assistir a um filme originalmente mono acompanhado de áudio lossless multicanal, experimente assistir ao antológico final alternando as faixas 2.0 mono e 7.1 - creio que suas convicções ficarão seriamente abaladas. Além das faixas “lossless” e “lossy” originais em inglês, temos ainda opções de dublagem DTS 5,1 (e legendas) em português, espanhol, polonês e japonês, entre outros idiomas.