Crítica sobre o filme "Fúria de Titãs 2":

Jorge Saldanha
Fúria de Titãs 2 Por Jorge Saldanha
| Data: 12/08/2012

 

Esta, para muitos inesperada, continuação da refilmagem FÚRIA DE TITÃS (CLASH OF THE TITANS, 2010) foi comparada a um videogame, no qual o herói deve enfrentar inimigos progressivamente mais poderosos, obter itens, fazer upgrades em suas armas e, por fim, confrontar o “chefão” final. De fato as similaridades existem e ajudam a vender a produção às plateias mais jovens, porém aqui, ao contrário de outros filmes-pipoca, elas vêm de muito antes dos jogos eletrônicos; mais precisamente, dos épicos mitológicos com efeitos visuais de Ray Harryhausen (que incluem, obviamente, o FÚRIA original de 1981). E sob este aspecto, FÚRIA DE TITÃS 2 (WRATH OF THE TITANS, 2012) se revela um sucessor até mais digno do legado de Harryhausen que o longa de 2010, que fora dirigido por Louis Leterrier (que neste se limitou à produção).

O novo diretor, Jonathan Liebesman (INVASÃO DO MUNDO: BATALHA DE LOS ANGELES), atento às críticas recebidas pelo filme anterior, realizou uma aventura com mais ação e criaturas mitológicas, trazidas à vida com excelentes efeitos visuais (meu destaque: a Quimera, ainda que os ciclopes mereçam menções honrosas). Também o ator Sam Worthington parece ter aprendido com as críticas à sua carrancuda atuação anterior, e se esforça para tornar Perseu mais humano e simpático.

Liam Neeson (Zeus) e Ralph Fiennes (Hades), agora mais envolvidos na ação e que participam do confronto final contra o Titã Cronos, igualmente exploram melhor seus papéis. A bela Rosamund Pike, que com vantagens substitui Alexa Davalos como Andrômeda, não decepciona com o novo perfil de rainha guerreira dado à sua personagem. Édgar Ramírez (Ares) revela-se um oponente formidável, enquanto o simpático Toby Kebbell e o ótimo Bill Nighy encarregam-se do lado mais cômico da aventura.

O roteiro de Dan Mazeau e David Leslie Johnson não aprofunda muito os personagens e por vezes é demasiadamente explicativo, fazendo os atores verbalizarem o que estão vendo ou o que terá de ser feito, a fim de garantir que crianças dos oito aos oitenta anos acompanhem a trama com esforço cerebral zero. Por outro lado, o argumento sempre impulsiona a aventura para frente, sem rodeios, fazendo de FÚRIA DE TITÃS 2 uma diversão muito mais dinâmica e honesta que o visualmente pretensioso mas vazio IMORTAIS, de Tarsem Singh, lançado mais ou menos à mesma época com premissa semelhante.