Crítica sobre o filme "Interiores":

Rubens Ewald Filho
Interiores Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/05/1991

Tentativa e Allen em fazer um filme "sério", onde imita Bergman (por quem tem confessada admiração) e onde não apareceu como ator pela primeira vez. Uma pena que ele seja muito mais sério quando faz suas comédias. O filme é inacreditavelmente pedante e intelectualizado. Os diálogos são rebuscados e todos os personagens são de exceção. Além disso, Allen partiu para toda a parafernália que se costuma exigir de um filme dito de "arte". Os personagens não são suficientemente explorados ou justificados para que se possa interessar por eles, ou mesmo julgar a validade de suas ações. A direção escolhe um estilo deliberadamente frio e rígido. Essa frieza está expressa na excelente direção de arte (todos os ambientes em tons de cinza e bege). Uma família de intelectuais é controlada pela mãe, com sua mania de perfeição e equilíbrio. O marasmo da fita é abalado pela entrada da nova esposa do pai (Stapleton, no melhor desempenho do filme), os únicos momentos de humor do filme. Ainda bem que Allen voltou para a comédia.