Crítica sobre o filme "Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura":

Clarissa Kuschnir
Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura Por Clarissa Kuschnir
| Data: 10/08/2003

Roberto Carlos em Ritmo de Aventura é o primeiro filme de uma trilogia que Roberto Carlos atuou. Os outros dois são Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa e Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora.

Apesar de ser uma história bem sessão da tarde eu acho muito divertida, justamente por causa do sucesso que Roberto Carlos já fazia. É claro que na época que o filme saiu eu nem havia nascido, mas vim a assistir depois de muitos anos e achei que Roberto Farias fez um filme de aventura bem diferente para os filmes brasileiros da década de 60, (época do cinema novo) mas que funcionou principalmente como puro entretenimento e para promover mais ainda o sucesso do Rei. E Roberto Carlos se saiu bem como o mocinho aventureiro, cercado de belas garotas. Lembra até um poucos os filmes de Elvis Presley, cheios de aventuras, sem grandes pretensões.

As músicas também são umas das melhores de Roberto entre elas: "Eu Sou Terrível", "Como é Grande o Meu Amor por Você", "Quando", "De que Vale Tudo Isso". Inclusive a trilha sonora foi relançada junto com os outros álbuns do Roberto Carlos e para quem gosta do cantor vale a pena adquirir o CD que saiu pela Columbia.

O filme conta também com a presença de Reginaldo Faria no papel do diretor de cinema e de José Lewgoy que está ótimo como o vilão. (Clarissa Kuschnir)

Apenas mais alguns comentários de alguém que viveu esta época: estávamos em plena ditadura, devido ao Golpe de 64, onde os militares assumiram o poder. Este contexto é muito importante, pois nós, jovens daquela época (eu, na verdade, criança) podemos dar uma idéia de que o que era permitido ou simplesmente proibido (que só sabíamos nas entrelinhas, pois nada era muito revelador). A Jovem Guarda era o que nos "restava", pois o tropicalismo já começara a ser banido, com os exílios de Caetano Veloso, Gil, entre muitos outros, bem na época dos Festivais de música e de plena proibição da livre opinião. Não quero transformar esta crítica em uma resenha política, mas era inevitável que, para crianças "comuns" (leia-se, de pais que não "militavam" contra a ditadura), Roberto Carlos e Cia. eram um ícone para a nossa juventude. Era o que havia de novo, embora hoje, reconhecemos o importante papel que fez com que este movimento nos fosse uma "alternativa", mesmo que inconsciente, do que de fato acontecia. O filme, apesar de "leve", era importante neste contexto. Como filme, resta a curiosidade de uma geração que, embora tolhida, ainda tentava se expressar de alguma forma, mesmo que de maneira simplista, pois a Jovem Guarda, embora de maneira "velada", acabava dando os seus "recados". (Edinho Pasquale)