MARIA é um filme que teve mais destaque antes de ser lançado no cinema do que quando estreou, pois seria o primeiro trabalho visual do Pe. Marcelo Rossi, e um dos projetos mais caros já feitos no Brasil. Sem pretensões, todavia, de ser uma megaprodução, surgiu como colaboração à Igreja Católica no mister de arrebanhar suas ovelhas, elevando a bonita história de Nossa Senhora, imagem cultuada no catolicismo e pouco prezada pelos evangélicos.

Giovana Antonelli faz o duplo papel de Maria: a Auxiliadora, mãe de Joana (Ana Beatriz Cisneiros), mulher pobre que deixa a filha aos cuidados do Padre enquanto vai pegar os exames da pequena no médico; e a Mãe de Jesus Cristo, este último representado pelo ator Luigi Baricelli. Narra-se desde a Anunciação feita pelo Anjo Gabriel até pouco depois da Ressurreição de Cristo. A história é contada pelo Pe. Marcelo à menina, que identifica os personagens bíblicos a pessoas do seu convívio, na cidadezinha do interior em que reside.

É difícil imaginar Giovana Antonelli sendo mãe de um homem de trinta anos, mas fechando os olhos para esse detalhe, eles até que cumprem muito bem o encargo. Deve-se ignorar, ainda, o vestido estampado de florzinha que Maria usa quando jovem (até prova em contrário, creio que os teares da época não chegavam a tamanha perfeição), e o sotaque metropolitano-chiado de alguns atores, falha que deveria ser melhor observada pelo cinema nacional quando apresenta enredos contextualizados em determinada época/região.

Em tempos de “Paixão de Cristo”, a obra parece pequenina, com pouco sangue e imolação, o que faz crer que seja um conto para crianças. De qualquer forma, é bastante válida, a considerar tantos outros interesses “profanos” que desviam a atenção da garotada. O brasileirismo que envolve o filme remete à emoção que o País vive quando das encenações que ocorrem no Nordeste na Semana da Páscoa, pois suas tomadas externas foram filmadas no Rio Grande do Norte.