Crítica sobre o filme "Wimbledon - O Jogo do Amor":

Rubens Ewald Filho
Wimbledon - O Jogo do Amor Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/10/2004

Vá na certeza de que não irá assistir a nenhuma obra-prima do cinema, e de preferência leve a namorada (ou concorde com ela, se sugerir o filme). Pode haver um problema quando as mulheres acharem que é um filme de esporte e, portanto algo que elas evitam como a praga no cinema. Já basta na televisão de casa. Explique se tratar de uma comédia romântica bonitinha e agradável, que pode agradar aos dois. Aos homens, que vão apreciar as cenas de tênis (nunca melhor filmadas) e as mulheres, que irão se encantar com o romance proibido entre a futura campeã e o jogador em decadência (no fundo, uma variação da fórmula de Nasce uma Estrela). Ou seja, perfeita diversão para um fim-de-semana. Talvez tenha sido justamente a dificuldade de estabelecer para o publico a que se dirige, que tenha determinado o fracasso americano deste filme, que se lhe derem a chance, pode agradar.

Paul Bettany é aquele tipo de loiro sardento e transparente, que as sobrancelhas precisam estar muito marcadas para poderem fotografar. Até agora tem se especializado em papéis de amigo do mocinho, em geral Russell Crowe, em fitas como O Mestre dos Mares e Uma Mente Brilhante (na vida real, saiu-se melhor casando-se com a linda Jennifer Connelly). Este é seu primeiro papel de leading-man, galã e chega a surpreender, com seu jeito de auto-gozação, de quem não se leva muito a sério. Na história, ele Peter Colt, é um britânico de classe alta, que já chegou a estar entre os 13 melhores jogadores do mundo. Mas agora está em 119º lugar e contempla a hora de se aposentar e virar professor num country club. Até que no campeonato de Wimbledon, acidentalmente esbarra numa jovem americana em ascenção Lizzie (Kirsten Dunst) que é controlada pelo pai (Sam Neill) ainda mais ambicioso do que ela. Os dois começam um romance proibido (na base do muito sexo, que segundo o filme é ótimo para relaxar antes de partidas decisivas). Que fazem Colt virar o jogo e acabar se tornando uma revelação dando esperança à Inglaterra de ganhar finalmente o torneio (o que na vida real não sucede há muito tempo).

Num estilo meio Notting Hill, o filme poderia ter coadjuvantes mais excêntricos e melhor aproveitados, mas se defende graças as cenas de jogo muito bem fotografadas, às vezes com ajuda de efeitos digitais. Por isso, mesmo que nunca houve antes um filme memorável sobre tênis, que afinal de contas não costuma provocar emoções muito fortes justamente pela dificuldade de registrar a ação (de atores sem dublês). Até agora.

Tudo me pareceu muito convincente, assim como o casal romântico funciona legal. Tem ainda algumas participações de campeões de verdade (de John McEnroe, Chris Evert, Mary Carilo e John Barrett).